20 de dez. de 2014

Compreensão


Fazia tanto tempo que eu não acordava bem (quando dormia), tanto tempo que eu não ficava bem, que já havia esquecido como era se sentir assim.
Nos últimos tempos tenho me sentido completamente bagunçada, não sabia como lidar com as pessoas mais próximas, culpei o mundo. Quando na realidade a culpa sempre foi minha, e da minha falta de jeito para lidar com meu próprio mundo, ninguém tem obrigação nenhuma comigo, ninguém, nem mesmo as pessoas que considerava mais próximas. Como exigir de alguém algo que nem eu conseguia me dá?
Compreensão, tive que aos poucos ir adquirindo, com ajuda externa, porque sem nossos anjos (amigos) a gente não chega longe, e se chegar não se tem a mesma alegria nem o mesmo brilho.
Ás vezes a agitação quer tomar conta, eu só tento agora, consciente, administrar as coisas que estão dentro de mim. E acreditem, é tarefa difícil. Mas saber usar cada coisa que é a mim ofertada, e tentar usar isso à meu favor.
Aos poucos a sabedoria vem chegando, aos poucos vou me redescobrindo, vou aprendendo a lidar, assim volto a ser quem sou, livre de algumas amarras e com a capacidade de enxergar de fato todos os lados da vida.

Karlinha Ferreira

15 de dez. de 2014

Partida


Dois meses foi o tempo que os familiares, amigos, e os segredos tiveram para saberem da gravidade da doença, ter fé que tudo ficaria bem, dois meses foi o tempo que foi dado para aceitar a desistência dos médicos, dois meses foi o tempo cedido para que todos pudessem se despedir. Mas quem iria se despedir de um ser a quem tanto se ama? Dois meses foi o tempo em que se acreditou que um milagre viria.
Poderia colocar a culpa na morte, mas na realidade é a vida que é assim, nascemos para um propósito, para uma missão e quando menos esperamos somos tragados sem prévio aviso.
Lembro-me do dia em que tudo começou, do grito, da dor, ouvi do outro lado da linha, da espera e busca pelo diagnóstico. Da aflição quando enfim encontraram. Alguém poderia dizer, é câncer, já era de se esperar, diga isso para a esposa que dorme ao lado do amado, ou para filha que ora todas as noites para que a mãe volte pra casa, diga isso para os amigos que acreditam tão fortemente que a energia chega a ser palpável, diga isso pra mãe que acompanha diuturnamente o sofrimento do filho, mas crê com todas as forças que verá o filho realizar os mais bizarros sonhos.
Dois meses foi o tempo para reconhecer que tudo nesse plano é fugaz demais. Não tem como mudar. Dois meses. Tudo tão rápido, é uma mãe que não verá seus netos, é uma filha que a mãe não verá mais, é uma irmã, uma amiga que se vai.
É noite e não há estrelas no céu, é noite, e a lua está tímida, é noite e mesmo sabendo que a senhora está bem, não me sinto acolhida. A noite parece entender o sofrimento gerado, no coração de todos, é noite e hoje saberemos que você está em um lugar onde não sentirá mais dor, nosso coração vai ficar com a sensação de que falta algo, mas sua energia nos acompanhará para sempre, até o dia em que todos iremos nos encontrar para festejar. Obrigada por cumprir sua missão, obrigada pelo diamante que você lapidou e deixou pronta para nós, vá em paz...
Que os bons ventos levem seu espírito para um lugar de luz e que consolem os seus...

Karlinha Ferreira
Define bem...

9 de dez. de 2014

Sonho


“Um dia me disseram que as nuvens não eram de algodão”

Eu particularmente preciso de adrenalina, preciso que os meus olhos brilhem, sei que a vida é feita de trabalho duro, mas no meu caso, minha recompensa é fazer meus olhos brilharem, é ter um sorriso largo nos lábios, e me sentir viva.
A sensação de liberdade, a sensação de saltar a 10.000 pés de altura, fez com que eu me sentisse mais viva e mais livre que nunca. Passar por entre as nuvens, descobrir “que elas não são feitas de algodão”, sentir o frio, a velocidade, vê tudo tão longe, voar... Simplesmente, me apaixonei, era um sonho de muitos anos, e sonhos se realizam...
Vivo um instante de cada vez, e o que foi feito para ser eterno, eternizado será.
Karlinha Ferreira

2 de dez. de 2014

Efervescência


Meu sono anda irregular, mas isso não me causa espanto. Gosto da noite, e pareço repetitiva ao declarar meu encantamento com a noite/madrugada, mas é onde vivo os melhores momentos comigo mesma. É o instante em que me descubro mais, que vejo os erros e acertos do dia, e me sinto em paz, ou não.
O que está borbulhando na minha mente hoje é “efervescência”, penso no medo que sinto em passar por esse plano despercebida, sem ter vivido uma vida efervescente. Procuro viver da forma mais intensa possível, o tédio é o que acaba comigo, enlouqueço com a monotonia.
Às vezes se eu pudesse só viveria em “80”, sempre na intensidade, sempre no limite. Mas alguém me disse que a gente precisa moderar, de um meio-termo, confesso que me adequar a isso é bem difícil, gosto de novas sensações, novas descobertas. Mas também sei que a vida real exige essa moderação tão falada, tão pregada.
Não acredito que as pessoas se tornem efervescentes, ou são ou não são. Há quem se pode, mas prefiro alçar voo, e descobrir o que a vida tem guardado pra mim. Sabendo que isso sempre tem um preço, mas o que não tem?
Efervescência, continue vibrante, continue sedutora, que juntas desvendaremos o mistério que é a vida.

Karlinha Ferreira

1 de dez. de 2014

Desabafo


Suspensa é como me sinto. No ar, apenas observando a vida acontecendo, realidades vêm e vão, mas nenhuma delas parece ser minha, ao menos não minha de fato. Fico olhando para os caminhos já trilhados, fico pensando em tudo que já foi dito, prometido, quebrado, e não, essas realidades não são minhas.
Na realidade que faço parte, ou que ao menos deveria as coisas eram mais simples, não se precisava mentir para se chegar a outro coração, dinheiro era algo secundário, e as pessoas te curtiam pelo que você é. Os bons sentimentos eram primordiais e tudo fazia sentido, havia uma lógica nisso tudo.
A realidade que é a mim imposta, é cruel, há sofrimento demasiado para os bons, e recompensa para os maus. Parece ser real, mas não é a minha realidade, nem meu lugar. São tantos caminhos, algum terá que dá em um lugar repleto de nobreza, onde a calmaria há de reinar.
O amor de duas almas entrelaçadas e predestinadas a ficarem juntas, na minha realidade é isso que acontece e não é um fato pontual, é constante, continuo, mas jamais corriqueiro. Amor ainda seria o sentimento mais sublime.

Karlinha Ferreira

25 de nov. de 2014

Despertar


O mundo que almejamos começa a partir do nosso despertar.  Às vezes é necessário desacelerar, ir com calma e respirar fundo. A vida está passando depressa, precisamos saber acompanhar o fluxo para não nos perdermos.
Creio piamente que a vida foi feita para dar certo, apesar dos percalços, apesar da dor que é causada, ela é uma dádiva, e todas as batalhas estão aí para tornar nossa história mais gloriosa.
Sei que tenho sonhos que não cabem em mim, por isso divido com as estrelas, e cada vez que vislumbro o céu estrelado lembro-me dos incontáveis sonhos que só a elas segredei. A magia do mundo volta e inebria, a certeza que tudo vai dar certo me enche o peito, fico leve, feliz! Acredito que essa fé no bem, fé no esforço e fé nas pessoas é a energia que move o mundo.
Gosto de olhar para vida como uma chance. Gosto de sentir a energia da vida em mim, gosto quando me misturo a ela e nos tornamos uma, e assim, sentindo, purificando e eliminando a negatividade é que a lucidez vem e o amor pelos seres permanece...

Karlinha Ferreira

20 de nov. de 2014

Metamorfose


Aos poucos vou me conhecendo, é incrível como mudamos de hora em hora, como os pensamentos fluem numa rapidez digna de cinema. Talvez a vida seja fascinante por isso, por nos permitir mudar sempre, incontáveis vezes.
Ser que pensa, que se questiona, vive uma mutação diária. Sempre tentando evoluir, sempre buscando ser mais justo, sempre tentando trazer mais humanidade aos homens e sensibilidade aos corações. Porque mesmo que a mudança e a amplitude da mente alcance só a um homem, o mundo já ganhou muito com isso.
Bom mesmo é manter o peito aberto para as mudanças, conhecendo o novo, conhecendo o mundo, cedo ou tarde acabaremos por conhecer a nós mesmos. Essa busca incessante nos torna inquietos, inconformados e faz com que aprendamos a encontrar a felicidade nos pequenos gestos.
Gastamos tanto tempo com mesquinhez. Não há vantagem alguma nisso, não traz benefício. A vida está correndo e não quero ser uma espectadora quero ser “uma metamorfose ambulante”.
Mudando e mudando, sigo no caminhar, a vida é um sopro e quero marcar meu período aqui como alguém que soube valorizar as coisas certas, os bons sentimentos e a adrenalina de quem tem consciência de que nenhum momento volta...

Karlinha Ferreira

17 de nov. de 2014

Virando gente grande


Momentos difíceis existem porque  são cruciais para a construção do nosso ser. Com algumas coisas teremos que nos acostumar, com outras, aceitar. Verdade é que estamos sempre em processo de crescimento e crescer, às vezes dói. Não encaro isso como algo ruim. Acredito que é necessário conhecer a dor, sentir essa mudança rasgando a alma, para ser um ser humano melhor.
Rilke certa vez disse: apenas preste atenção no que surge a partir de dentro e eleve-o acima de tudo o que percebe em torno. Se um acontecimento mais íntimo é digno de todo seu amor, é nesse acontecimento que deve trabalhar de algum modo...
É necessário se conhecer, plantar e penso que é nisso que devemos nos empenhar. Às vezes o fracasso quer nos abater, mas a melhor parte do fracasso, é que se olharmos para ele do modo certo, ficaremos mais fortes para as lutas vindouras, o segredo é se erguer sempre, sentir a pancada, chorar o que tiver de chorar e começar do zero. O que é pra ser tem muita força. Nisso eu acredito! E é a isso que me apego!
“Que os bons ventos nos cerquem...”

Karlinha Ferreira

Madrugada


Sinto-me muito bem durante a madrugada, mesmo insone, mesmo sem ninguém para bater papo. Sinto-me inebriada. Aqui estou com um incenso aceso, ouvindo o galo problemático do vizinho cantar (acho inclusive que irá ficar rouco, pois são 2:50h da manhã e ele não para de cantar), e sentindo a mente vaguear por tantos lugares quanto minha imaginação permita.
Aprendi que solidão é estado de espírito e que é bom gostarmos da nossa própria companhia. Vejamos, não há ninguém no mundo que se sinta tão bem fazendo as coisas que acho interessante do que eu.
Gosto de ter um tempo pra mim, e é isso que a madrugada me propicia. Com o silêncio na cidade posso pensar direito, posso escrever, chorar, sonhar... Me arrepender, um arrependimento sincero de tudo aquilo que fiz ou que deixei de fazer, na noite, posso ler Bukowski, tomando uma dose de whisky e ouvindo Dylan ao fundo. Isso pra mim é a pura descrição de um momento feliz.
A madrugada é discreta, ouve sem questionar, assiste ao desespero sem se assustar, e ainda assim sorrir com ternura usando suas estrelas. Sou noturna, e gosto de ser assim, às vezes essas noites insones me rendem momentos ímpares.
À noite posso ser apenas eu, sem rótulos, só a essência, só aquela garota que vive numa busca incessante, que quer sempre mais, que carrega no peito uma inquietude. Sou apenas eu mesma, assim sem subterfúgios.


Karlinha Ferreira

12 de nov. de 2014

Cabide


É engraçado como o ser humano tem o hábito de colocar o outro no cabide, antes eu pensava que era uma atitude inerente aos homens, hoje vejo que é inerente ao ser humano. Muitos gostam da devoção que os outros devotam a si, e por que perder isso? Faz bem para o ego. O caso é que o alimento do ego de um é de fato a destruição nesse caso do ego do outro, necessariamente.
Esse é um exemplo de peso desnecessário. Ninguém é insubstituível, e se olharmos de perto sem a visão prejudicada pela paixão, veremos que aquele ser não é o cumulo da perfeição que nossa mente apaixonada havia criado.
Fazer cortes é benéfico, faz bem para a auto estima, para alma e para o mundo. Cortar as pessoas certas (erradas) das nossas vidas talvez seja o maior gesto de amor próprio já efetivado.

Karlinha Ferreira

9 de nov. de 2014


O bom da vida é que somos um mistério para nós mesmos. Me flagro sentindo, pensando, agindo de forma que nunca imaginei. Vou de um extremo a outro facilmente.
Confesso que a adrenalina que é causada por essa energia que minha mente abriga serve como combustível para querer sempre mais, interna e externamente, como conhecer o outro ou um lugar bem, se nem gastamos energia tentando nos conhecer?
Aprendi que ter consciência das virtudes e defeitos é primordial, e vou além, ter consciência dos próprios limites. O autoconhecimento faz toda diferença no cotidiano, ficamos preparados para enfrentar o mundo de frente, de peito aberto e aprendendo para quem devemos ou não nos expor, sei que é impossível acertar sempre, mas tentando a gente consegue.
Quanto mais o tempo passa mais tento me decifrar, isso é instigante, por vezes doloroso, principalmente quando descobrimos que a pessoa que desejamos ser está distante daquela que estou sendo, mas o melhor em tudo isso é que a pessoa que quero ser, existe, é real, só preciso batalhar para ser quem eu quero ser e posso ser quem eu quiser, inclusive eu mesma.

Karlinha Ferreira

30 de out. de 2014

Inquietude


Essa inquietude não me larga.
Janis Joplin disse certa vez: o pior que podem dizer a meu respeito é que eu nunca estou satisfeita. A insatisfação de não se conformar somente com o que é oferecido, mas agarrar a vida pelo colarinho e extrair dela o máximo que se pode, dessa insatisfação sim, eu sofro. Sou insatisfeita, sou inquieta.
Há pessoas que falam com desdém da Janis, mas na realidade entendo que ela não precisou viver 100 anos para se eternizar, ela fez em 27 anos aquilo que a maioria de nós não consegue fazer em uma vida, ou até em duas.
Tenho um espírito livre, inquieto, e é ele que me move, desejo sempre mais, minha vida sempre clama por intensidade, não consigo ficar muito tempo parada é como se a ansiedade, fosse a instiga, o sinal de alerta para mudar, para se correr atrás de algo novo.
Minhas ambições se resumem as coisas que meus olhos querem ver, e desejo muito e muitas coisas. Tem uma razão para eu ser do jeito que eu sou, em geral não peço compreensão, há coisas que são só minhas, há sonhos que quando externados perdem parte da magia, então prefiro guardar naquele lugar da minha alma que visito nas noites estreladas durante a madrugada.
Não importa quanto tempo demore, alguns sonhos foram feitos para serem realizados. Talvez venham com intenção de deixar esse plano mais suportável, mais sublime ou apenas para renovar a magia no mundo.

Karlinha Ferreira

27 de out. de 2014


Tenho ciúme. Detesto, mas sinto.
Quero você pra mim, mas não posso.
Quero te chamar de meu, mas você já tem quem o faça.
Quero que olhes pra mim com aquele brilho, com aquela paixão.
Quero sim que você se jogue, que não pense, que só sinta como funcionamos.
Ok! Não estou raciocinando direito, mas quem precisa pensar quando o coração só falta sair do peito?
Minha resposta pra você é e sempre será “sim”...
Não me questione, não faça planos, apenas sinta como seu corpo reage ao meu.
Viu como sua respiração muda? Viu como no fundo você não se importa em sentir?
É esse beijo que sela nossos encontros, são essas loucuras que nos une.
Não quero dar nome a tudo isso que sinto, não quero rotular o que não pode ter rótulo, mas não quero perder nenhuma chance de te ter.

Karlinha Ferreira

22 de out. de 2014

Sai de mim


Há sentimentos que não precisam de nomes. E que se tentarmos rotular será em vão.
Algumas pessoas nos tiram do eixo, mexem com nosso instinto, nos tiram a razão, nos enlouquecem, é um ciúme desgovernado de quem não temos nenhum compromisso, é tesão desenfreado, é tanta vontade que alaga...
Não sei por que com você tudo é tão louco, tão intenso, o modo como você reage a mim me enlouquece, os corações acelerados a respiração ofegante, embora ás vezes deteste a forma como você vê o mundo, ou encare coisas as simples, embora também tenha certeza absoluta que jamais daríamos certo, enlouqueço quando outra chega perto.
Sei lá o nome disso... Só sei que quando estamos perto parece que há uma bolha que nos envolve, o sorriso fica mais largo, a vontade de te ter é maior que a responsabilidade de estar certa.
Você me enlouquece, e odeio isso. Odeio ficar vulnerável, odeio essa sensação que me vira do avesso, odeio não resistir a você, e talvez odeie acima de tudo minha incompetência de não te ter.
Karlinha Ferreira

19 de out. de 2014

Devaneios


Às vezes precisamos voltar para podermos seguir.
Há pessoas, relações que por mais que sejam intensas, importantes, precisamos abrir mão para que o novo possa nos alcançar. Não sei bem qual o momento exato em que as coisas param de fazer sentido, o que aprendi foi que se em determinada área as coisas não vão bem, devemos nos voltar para outra área que nos mova. O movimento é a principal atividade, correr atrás das coisas concretas, correr para ser melhor.
Ouvi dizer que esse era um ano de plantar, então tenho dois meses para plantar o que não consegui plantar em um ano.
As pessoas são diferentes, às vezes somos nós que as machucamos, em outras somos nós que acabamos feridos. A dor é algo bom, mostra que ainda estamos vivos.
Minha mente se transporta para muitos lugares, se enche de esperança, sofre, mas sempre mantém o olhar no horizonte, a fé no futuro. O presente é o lugar de luta pelo futuro que se almeja.
Brisa fria, noite silenciosa, parece que até contemplar a nova vestimenta que minha alma está vestindo. Noite, você é minha cúmplice e confidente...

Karlinha Ferreira

28 de ago. de 2014

Intolerância


É complicado ser quem você quer ser nos dias de hoje. Tem algo de errado na atmosfera que eu não consigo entender. Algumas pessoas pertencentes a determinadas filosofias e que em geral são minoria, que exigem respeito por ser homoafetivo, feminista, de esquerda (extremista), de direita (extremista), por ser alternativo, curtir uns lances mais naturais como não se depilar, ou ser vegetariano...
O que quero dizer é que essas pessoas que em geral são alvos de preconceitos deveriam por uma questão de empatia, ou por uma questão lógica ser mais tolerantes. Quantas vezes já ouvi de mulheres feministas, ou de uma religião afrodescendente que eu deveria deixar meu cabelo cacheado porque eu sou negra, ok. Eu poderia deixar se eu quisesse como eu já deixei, mas acho que cada um deve usar o estilo, corte de cabelo, o tipo de roupa que gosta, que se sente bem, e não por ser preto ou branco e ter que fazer uso de determinado padrão imposto pela raça. Cadê a liberdade? No entanto quando encontram alguém de cabelo escovado, já saem com aquele discurso, “você está usando um padrão imposto pela mídia, por essa sociedade capitalista onde o único padrão de beleza é aquele imposto pelas atrizes de TV” e aquele bláh, bláh, bláh, sem fim. O pior é que às vezes falam tanto que a pessoa que até certo momento estava se sentindo bem, passa a se sentir mal, só por que um bando de gente que não consegue respeitar a opinião alheia se acha dono da razão.
Outro dia ouvi que eu deveria ser do candomblé por que eu sou negra, porra! Nada contra a religião, tenho enorme respeito pelos diferentes tipos, mas nunca me chamou atenção, há filosofias que simpatizo mais que outras, é uma questão de afinidade e também está ligado ao que se busca. Só os indianos poderão ser budistas ou os japoneses xintoístas? É um pensamento quadrado para quem se acha tão desprendido.
Mulher não pode fazer plástica, todas as pessoas nascem e envelhecem é errado retardar isso, as pessoas tem que se aceitar como são, as mulheres podem ser gordas, esse padrão que vemos hoje número 36 é só uma forma de oprimir as mulheres, “olhem ao redor, a maioria das pessoas estão fora desse padrão”. Concordo que se uma pessoa está “acima” do peso e se sente bem, à vontade para ir numa praia, para se vestir, e que realmente não se importa porque se sente bem assim, desde que não afete a saúde, ótimo! O problema é que a maioria das pessoas que tem esse discurso sobre o padrão de beleza na ponta da língua, sente-se mal quando estão perto de outras mulheres mais magras, ou quando vão a praia, e muitas vezes as pessoas não ligam, mas elas não se sentem bem com o corpo que tem, então porque não ficar de um jeito em que a gente se ame mais? Meu biótipo é igual o do Sid da era do gelo, magra do barrigão, só consigo perder a barriga se parar com a cerveja e perder uns 5kg o que me deixaria muito magra, e não me agrada, eu gosto de esportes e gosto de me sentir bem, quero perder a barriga porque acho bonito, mas isso em mim, porque é uma questão minha. E assim como quem está satisfeito com seu peso a mais, com seu cabelo blackpower, eu também tenho o direito de me sentir bem perdendo o “buchinho” e com o cabelo do jeito que eu escolher, sendo adepta da filosofia religiosa que me aprouver.
E quanto aos homoafetivos que reclamam tanto de homofobia, o mundo tem pessoas heterossexuais também, respeito é bom, mas quem quer ser respeitado deve também respeitar. Isso é uma via de mão-dupla. Não dá pra rotular de gay todo garoto que tem bom gosto musical, nem da pra chamar de lésbica toda garota que curte MPB e joga futsal.
O Brasil é um país laico, democrático, rico em diversidade dos mais diferentes tipos, penso que para ser mais harmônico só precisa que as pessoas aprendam a respeitar as diferenças e que ter um ponto de vista e uma ideologia pela qual pensamos valer a pena lutar é sadio, mas quando essa luta passa a ultrapassar a linha do respeito fazendo com que o outro se sinta mal simplesmente por ter um ponto de vista diferente é agir igual ao opressor que julgam lutar contra todos os dias.

Karlinha Ferreira

27 de ago. de 2014

Ausência

Algumas pessoas me causam uma falta que chega a ser cortante. Entendo, porém que cada um tem seu tempo, suas razões e que preciso (embora doa) administrar as ausências. Sei também que talvez não seja a melhor pessoa do mundo em se fazer entender, sei que nem sempre acerto nas escolhas. Às vezes sou infiel aos meus desejos, mas desejo, sinto falta e choro.
Sou aquilo que posso ser, talvez não da melhor maneira, não tão certa quanto eu supunha, mas na batalha pra evoluir. Ser quem desejo ser...

Karlinha Ferreira

20 de ago. de 2014

Ser Mulher


Fazia tempo que não sentia o peso de ser mulher. Havia esquecido que desde o nascimento somos criadas para nos responsabilizar por dois. Sempre. Se você é casada e se apaixona por alguém fora do casamento, a culpa é sua, porque você é quem tem compromisso e tem que se dar ao respeito, mas se você é solteira e um cara casado se apaixona ou dá em cima de você, você é mulher e tem que se dar ao respeito porque ele é homem e homem é assim, você, mulher vira uma destruidora de lar.
É incrível como ser mulher torna-se pesado. Precisamos nos policiar para não ser vulgar, porque nossa família ensina que quando uma mulher sai de casa vestida de forma “inapropriada” (entenda-se por inapropriado, roupa curta ou transparente, muito apertada ou com decote, resumindo qualquer roupa que cause algum tipo de lascívia) ela está possivelmente “pedindo” para ser desrespeitada, afinal ela saiu de casa “querendo, né?” ninguém que sai de casa assim, se veste pra nada. Mulheres, não precisam se sentir sexy, claro que não, nesse mundinho, elas sempre se vestem pra provocar alguém, para causar incomodo na sociedade decente em que vivemos, mas nunca, jamais elas se vestem para si mesmas.
Por incrível que pareça não levanto bandeiras extremistas do feminismo, pois não confio no tipo de feminismo que foi a mim apresentado nos dias de hoje, porém sou feminista na essência, na luta por querer um mundo com olhares e oportunidades iguais. Não quero ser feminista para dançar funck em uma festa usando vestidinho, mas se eu quiser fazê-lo, quero poder fazer sem riscos de ser desrespeitada por causa da roupa que uso ou música que ouço, também seria bom, receber os mesmos valores e ter o mesmo mérito nas conquistas.
Gente, mulheres podem não querer casar, o casamento não é uma lei, não é uma obrigação, e caras, vocês não estão fazendo favor nenhum para as mulheres que não casaram, dando cantadas pejorativas, e querendo levar a mulher pra cama, se ela quiser ir pra cama com você ela irá, e não fará isso por desespero, pasmem, mas mulheres também gostam de sexo, e querem poder gostar sem rótulos.
É triste, como a atitude alheia faz com que tenhamos nojo da espécie humana, e não falo apenas de homens, mas de gente de forma geral, quando um ser humano faz com que o outro se sinta mal por ser o que é, isso é realmente vergonhoso.
Sou mulher, sou humana, sou gente. Tenho desejos e sonhos, igual a qualquer um. Apesar de ter um rosto lindo, não sou apenas isso. Nem uma vagina que fala.

Karlinha Ferreira

16 de jul. de 2014

Coerência



Cabeça distante... Parece rodar o mundo, parece procurar um lugar inebriante e distante. Sinto que a mente está se adequando ao fluxo, sinto que os pensamentos estão coordenando tudo àquilo que faltava.
Os olhos estão esperançosos, no peito um coração que pulsa pela realização de um sonho. Toda a ansiedade veste uma roupa de coragem.
E é assim que o espírito se revigora, se renova, numa noite em que tem apenas a lua como testemunha, uma noite em que o pacto feito entre nós mesmos, uma promessa feita em segredo diante de uma lua que silenciosamente entende tudo que desejamos, entende nossas lágrimas e medos. Mas que vê nessa promessa uma chance de nos superarmos, de sermos mais.
Ela entende que somos o maior obstáculo na busca por nossos sonhos, sabe que vez por outra nos sabotamos, mas acredita na promessa que fazemos, porque sabe que desistir não está nos planos, e que é vencendo uma luta por vez, assim, aos poucos é que se chega onde se quer.
Ser fiel a nós mesmos, ser fiel aos nossos sonhos. Acredito que essa seja à base de tudo. Inclusive da tão sonhada felicidade.
Karlinha Ferreira

8 de jul. de 2014

Rotular pra quê?


Há algumas relações que, embora ninguém entenda, devemos continuar, sem mudar absolutamente nada, porque nem tudo que é sentido precisa ser esclarecido, acho que o que a gente esclarece demais, perde um pouco da magia.
Amor independente do seu tipo é amor, alguns mais, outros menos maduros, mas todos tem sua sublimidade, todos nos melhoram. Basta apenas sentir, se expor é difícil, e ainda mais em tempos que sentir, aparece sinal de fraqueza, em que o amor, o romantismo são démodé.
Sou uma romântica incontestável, sim, acredito que o amor melhora infinitamente o ser humano, acredito num sentimento que nos melhore e que veja o melhor que existe em nós. O amor é um sentimento que é tão forte, tão crédulo, que devido à fé que é em nós depositada nos transformamos no melhor que podemos ser. No ser humano que o ser amado sempre soube que poderíamos nos tornar.
Acredito que o amor é isso, um sentimento que nos circunda e que existe para nos trazer sensibilidade no processo evolutivo, fazendo com que a gente enxergue o mundo de um jeito melhor e mais puro.

Karlinha Ferreira

26 de jun. de 2014

Liberdade


É impressionante como esse clima ameno me faz bem, acalma a alma.
Um dia por vez, aos poucos retomo o controle, o tempo é algo que independe da nossa anuência para acontecer, o tempo está passando, lembro-me do que eu sonhava aos catorze anos, hoje bem mais tarde, alguns desses sonhos persistem.
Sair pelo mundo sem destino certo, com boa companhia, curtindo as surpresas da vida, dias de sorrisos soltos, confissões em lugares neutros, bater asas. Sinto que estou me preparando para o voo, sinto que a brisa toca meu rosto como um convite. Só preciso de mais um pouco de paciência, só é preciso um esforço a mais.
É necessário fechar alguns ciclos é importante viver ao máximo cada fase, sentir cada gosto, cada fragrância e sentir o que tiver de sentir e aí sim, voar sem arrependimentos. Uma conquista por vez, um objetivo após outro, a regra é: enxergar os sinais e obedecer ao fluxo. Lucidez, embora que para muitos pareça loucura. Liberdade, só quem levanta voo sabe.



Karlinha Ferreira

25 de jun. de 2014

Tagarelando/Pensando

É preciso evoluir como ser humano, como gente, e para que isso aconteça há uma necessidade de moldar o olhar para a vida, enxergando cada ocasião como uma oportunidade, e a consciência de que nada acontece por acaso. A vida tem um curso próprio, uma ordem, e nós precisamos aprender a nos mover.
Nietzsche escreveu certa vez: quero cada vez mais aprender a ver como belo aquilo que é necessário nas coisas. Amor-fati [amor ao destino]: seja este, doravante, o meu amor! Não quero fazer guerra ao que é feio. Não quero acusar, não quero nem mesmo acusar os acusadores, Que minha única negação seja desviar o olhar! E, tudo somado e em suma: quero ser, algum dia, apenas alguém que diz Sim!
O amor ao destino não é uma renúncia, difere disto, é tomar o controle, é sair da escuridão e conseguir vislumbrar com lucidez cada ponto de evolução, cada forma, cada meio utilizado. E é sentir essa transformação acontecendo, às vezes não é algo imediato, mas quando acontece, podemos enxergar cada fator e isso é mágico.
Ter uma intimidade com nós mesmos, reconhecendo nossas limitações e nossa força. Ter consciência de que como nos encontramos não é nosso limite, não é o máximo que podemos alcançar. Precisamos crescer, e essa necessidade tem pressa!
Karlinha Ferreira

21 de mai. de 2014

Noite com chuva


A chuva veio me visitar... Adoro o som da chuva, sua beleza e suavidade, ás vezes parece que ela vem como testemunha dos meus pensamentos, isso me deixa leve, bem.
O tempo está voando, não espera por ninguém, eu que fiz tantos planos, ando deixando tudo a cargo da vida, tenho metas apenas para um dia, não consigo viver mais que isso no tempo que é a mim cedido, imposto. As horas correm, apenas ando no meu compasso, faço minhas atividades, e quando tudo está pesado demais, me recolho em mim. Crio meu universo particular, onde o tempo é o que menos importa, importa apenas encontrar meus diversos pedaços, e ser quem eu quiser ser no meu mundo paralelo.
Incenso de sândalo, boa música, muitos afazeres, mas no peito um coração tranquilo, apesar da mente trair, querer abarcar o mundo, as pessoas e satisfazer todos os prazeres. Um dia por vez, mil pensamentos por segundo, o ziguezaguear das minhas vontades chega a causar vertigem, mas se quiser saber se eu trocaria esse turbilhão pela normalidade, à resposta seria, nunca, nem em mil vidas. Me atropelo, me perco, me acho, mas acredito que o mistério da vida está aí, em vivê-la com a intensidade que ela exige.
Noite com chuva, pensamentos aleatórios, visitando lugares e seres em toda parte.

Karlinha Ferreira

28 de abr. de 2014

Esperança

Um vinho, noite amena... Agora a mente barulhenta começa a se acalmar. É preciso seguir o fluxo independente do resultado da batalha, as guerras são traçadas todos os dias. Os únicos sonhos que não se realizam são aqueles que deixamos de tentar concretizá-los.
Estou de volta e como minha sábia mãe disse “envergo, mas não quebro”, sinto minha energia se renovando. Ainda sinto dores, ainda sinto o peso, mas o mundo vai girando e trazendo consigo uma motivação mais forte, conseguirei o que busco, conquistarei tudo que sonho, porque não irei desistir, e morrerei tentando.
A calmaria aos poucos se instala, chorei o que deveria ser chorado, senti uma dor cortante, senti que perdia o chão, mas agora, aos poucos aterrisso, aos poucos volto a ser e sinto minha esperança voltando, se renovando dentro da minha alma.
A vida tem suas razões sempre, vou aguardar o tempo certo chegar, e vou continuar lutando, do jeito que sempre fiz.

Karlinha Ferreira

4 de abr. de 2014

Pra você


Rilke mais uma vez estava certo, deixe a vida acontecer. Acredite em mim: a vida tem razão, em todos os casos. Sei que o mundo não para de girar e tenho absoluta certeza que é durante uma dessas voltas que você vai se encontrar, assim como eu me encontrei.
Meu único problema é pensar que você está isolado, sem o apoio necessário. Aprendi a aceitar você do jeito que você é, com todas as confusões, com todos os defeitos, com todas as virtudes, sei que, às vezes és frágil, mas que também tem muita garra, muita força aí dentro de ti, sei que você precisa de um direcionamento que não cabe a mim dá, que é o tipo de direcionamento que a gente só encontra dentro da gente, que é o mesmo tipo de direcionamento que fez com que eu reconhecesse os meus limites, e parasse de andar em círculos e começasse a parar de sonhar e passasse a buscar meus sonhos, para trazê-los para o mundo da realidade.
Ainda estou trabalhando a ideia de que a vida está tentando te ensinar algo importante, tão importante que você não pode demorar mais a aprender, senão o sofrimento irá continuar se estendendo.
A mente da gente é muito frágil, e é necessário ter clareza para poder entender tudo o que acontece, eu chorei por semanas, me senti só, senti que ninguém no mundo poderia entender o que eu estava sentindo, porque tudo estava dentro de mim, e as pessoas estavam fora, como elas poderiam entender algo tão pessoal se elas só tinham as evidências, mas não sabiam como tudo aquilo me atingia, a intensidade, a forma, a força?
Sei que estás precisando de ajuda, e que apesar de eu não poder fazer nada de concreto, de não poder interferir, por motivos alheios à minha vontade, é importante que saibas que não fui a lugar algum, continuo aqui... E ainda estarei aqui quando você voltar.
Minhas melhores energias estão em sua direção... Que os bons ventos te cerquem e que tragam a lucidez que sua mente precisa para enxergar o que a vida quer te ensinar. Está difícil, está pesado, mas tudo isso passa.

Karlinha Ferreira

25 de mar. de 2014

Clareza


Acordei melhor hoje, com aquele otimismo inerente as pessoas que têm fé e que sabem que os altos e baixos da vida são apenas para nos fortalecer.
Comecei a entender que há coisas que fogem ao meu controle, mas que posso fazer minha parte, e quando a vida julgar me afastar de determinados momentos e situações na vida de quem estimo, é porque o trabalhar está sendo feito apenas com quem deve, e que por mais que a gente ame alguém acabaremos por prejudicar se ajudarmos no momento errado. Há tempo para todas as coisas, tempo de aproximar-se e tempo de afastar-se.
Sei que é difícil ver as pessoas se debatendo, mas ás vezes é necessário que elas passem por isso hoje para que sejam pessoas melhores amanhã. Não podemos ditar a lei da vida, apenas obedecermos.
Aprendi que as verdadeiras amizades são aquelas que se importam conosco mesmo quando a vida não lhes permitem nos ajudar.
Que as melhores energias cheguem até você, que você seja forte, e que sua mente receba a clareza devida para te nortear pelos caminhos de luz, é o que te desejo.


Karlinha Ferreira

12 de mar. de 2014

O outro



Noite de brisa fria, noite que acalma a alma e traz paz ao coração.
Gosto de noites assim... Noite que só uma estrela no céu aparece na janela, e ela parece sorrir, parece segredar seus mistérios e as histórias das quais foi testemunha.
Apesar da dor e das preocupações inerentes a quem não recebe notícias, essa noite está renovando minha esperança e dizendo quase que sussurrado que tudo está bem. Que apesar de não ter o controle de tudo, apesar de muitas coisas escorrerem por nossos dedos enquanto as seguramos, o sentimento de que fizemos tudo que poderíamos ter feito, é reconfortante.
Estou aprendendo cada dia mais que as relações são vias de mão dupla. Não dá pra tentar fazer tudo sozinho. E ás vezes penso “mas seria bom se eu pudesse”. Pensamento tolo. Não dá. Ninguém aguentaria. A contrapartida do retorno vem como resposta as nossas ações.
Rilke certa vez escreveu: ...Não acredite que quem procura consolá-lo vive sem esforço, em meio às palavras simples e tranquilas que às vezes lhe faz bem. A vida dele tem muita labuta e muita tristeza e permanece muito atrás dessas coisas. Se fosse de outra maneira, nunca teria encontrado aquelas palavras... (Cartas a um jovem poeta)
É incrível como pensamos pouco em quem nos estende a mão, não é? Ao menos não nos questionamos sobre sua dor, nem sobre seu sofrimento, cada um vive com seus porões, e com o resíduo de seus erros, é tolo pensar que seu problema é o maior só porque é você que está sofrendo, quando há bilhões de pessoas sofrendo demasiadamente, tendo cada uma suas próprias razões.
Todos nós sofremos de um jeito ou de outro. A diferença está  no jeito com o qual lidamos com a dor.

Karlinha Ferreira

7 de mar. de 2014

Abrir mão


Ás vezes é complicado virar apenas um expectador da vida de alguém que gostamos, afinal era uma vida, uma energia que se misturava a sua, e é difícil abrir mão disso, mas é necessário que as pessoas lidem com as consequências de suas escolhas. Penso que poucas coisas geram tanto crescimento, como quando você tem que encarar o peso do que fez.
Se podemos entrar numa situação, também somos capazes de sair dela, é preciso apenas querer, as respostas que procuramos estão dentro de nós e não fora. Estão sempre dentro, só é necessário parar um pouco para ouvir.
Abrir mão, deixar de lado, dói, mas o não interferir também é uma prova de amor, o deixar o outro descobrir quem realmente é, errando, caindo, também é amor, pois não podemos colocar as pessoas que amamos numa bolha (embora ás vezes seja esse o nosso desejo), por que cedo ou tarde, elas irão sair, não existe mundo perfeito. E por mais que tentemos evitar que o ser amado sofra, sempre acabará acontecendo, por que isso faz parte da vida, penso que, esse momento talvez seja o que a vida escolheu para gerar crescimento. É um processo, por vezes lento.
Enxergar o sofrimento com clareza não machuca menos, mas justifica de maneira inteligente a necessidade de se ter que passar por tal processo para poder evoluir.

Karlinha Ferreira

19 de fev. de 2014

Dia cinza

A agitação ás vezes quer tomar conta da minha mente, pensamentos ruins, sentimentos que não alimento, ou que procuro não alimentar.
Gostaria que minha mente encontrasse paz junto há esse dia cinza, gosto de dias assim, com pouco sol, com pequenas pancadas de chuva e clima ameno. Sinto-me bem, apesar da agitação inerente as realidades que me circundam.
Quando paro e penso em coisas boas sempre vêm pessoas na minha mente, os papos de quem ficou a madrugada inteira a cordada de quem enxerga o nascer do sol como algo que sela uma união, um laço... Penso também na noite, na chuva, mas em geral, pessoas estão presentes, ao menos hoje. Confesso que há dias que um pensamento bom é apenas uma madrugada insone, um bom livro, um computador e uma dose de whisky.
Não gosto de me perder, mas oscilar ás vezes é preciso para entender que nada é absoluto, nem mesmo nossos pensamentos, nossa postura ou até mesmo nossa matéria, tudo oscila todo o tempo, mas ouvi em algum lugar que é preciso manter a coerência. Ainda não descobri sobre o que seria essa coerência, se sobre o modo de oscilar ou sobre o modo de tentar permanecer, de tentar não mudar.
Gosto dos livros porque muitos deles não temem falar o que está dentro de mim, não usam pudor nem sentem receio, apenas colocam pra fora toda sua indignação e imoralidade, apenas dizem o que agita sua mente de forma íntima.
Hoje o dia está cinza e tudo que eu queria era poder te ver, talvez essa seja a base da minha coerência.


Karlinha Ferreira