John Steinbeck escreveu certa vez
que ele gostaria de saber a natureza dos pensamentos noturnos, pois pensava
serem estes parentes próximos dos sonhos.
Eu amo a madrugada, ela sempre me
deixa mais sóbria, mais em conexão com o universo, as luzes da cidade, a
calmaria, a sensação de liberdade que parece ser tragada durante o dia é
devolvida pela noite.
Penso nos desastres cometidos
pela minha falta de cautela, pelo fato de me superestimar demais diante de
determinadas situação, penso nas mudanças que minha alma clama para que aconteça,
pelas mudanças que meu espírito necessita, no entanto não as faço. Durante o
dia nem eu lembro de tudo que precisa ser feito, mas a noite trás uma
consciência que é minha, mas que ás vezes é abafada, então ouço sussurros ao
olhar para as luzes da cidade “descubra quem você é e aceite isso, para que os
outros não possam usar isso contra você, descubra e aceite”.
Com a noite vêm às alegrias das
boas ações, o sossego de uma alma que desfruta do contentamento de uma
consciência tranquila. Com o silêncio da noite também vêm os porquês das
atitudes mais vãs, o porquê de se magoar a quem se ama e descontar no mundo
minha ira pela minha incompetência de não poder mudar.
Às vezes sinto-me impotente, mas
ao olhar as estrelas penso que meu limite está longe de ser encontrado e que
posso ser o que eu quiser, desde que eu descubra quem sou e quem pretendo ser.
Karlinha Ferreira