3 de dez. de 2018

04-12-2018




Tenho percebido a necessidade de olharmos uns para os outros e enxergarmos o bem. Sim, o bem. Até naquelas pessoas mais improváveis, e Deus sabe o quanto é difícil enxergar algum traço de humanidade em determinadas pessoas, imaginem o trabalho de encontrar algo bom. Mas nesses dias nunca achei essa busca tão importante e necessária, nesse atual momento onde todos parecem ter perdido a linha da racionalidade, cabe a nós encontrarmos o mínimo traço de humanidade, caso contrário, tudo estará perdido.
É época de reagirmos não com a mesquinhez do que nos é dado, mas com o que temos, ofereçamos o bem, a resiliência, está cansativo demais essa luta insana onde ninguém percebe que todos perderão se humanos não começarem a agir como humanos e humanos não se esforçarem para buscar a humanidade no outro.
Ando bastante cansada de discussões desnecessárias, tenho escolhido minhas batalhas, viver de modo digno, preservar a nobreza, e os bons olhos para as pessoas já é tarefa difícil e árdua demais.
Não quero mais discutir, quero conversar e se o outro puder atingir o que há de humano em mim e vice-versa já estaremos no lucro.
Desistir não é uma hipótese. Lutar, ser livre, amar, crer num lugar melhor, parece insano. Mas se perdermos a fé, a esperança, o que nos restará?
Por incrível que pareça não é um texto de autoajuda. É um texto de alguém que está cansada de ver pessoas agindo em condições inferiores a de animais, é um texto de alguém que não aguenta mais tanto ódio, tanto complexo superioridade, complexo de Deus, texto de alguém que sabe que se alguém parar para entender o lado do outro e usar de empatia, as coisas mudam, e mudam para melhor. Ninguém, absolutamente ninguém está acima do bem e do mal.
Eu sinceramente peço aos céus e que cada pessoa libere humanidade e que essa energia ganhe força no mundo, porque mesmo que nós humanos sejamos errantes, sobra algo bom que vale a pena ser dividido, e se cada um fizer sua parte por menor que seja, algo novo irá florescer. 
Karlinha Ferreira

P.S. Alguns acreditam que em dias nublados os girassóis se viram uns para os outros buscando a energia em cada um. Não ficam murchos, nem de cabeça baixa… olham uns para os outros… erguidos, lindos.
É a natureza nos ensinando. Se não temos o sol todos os dias, temos uns aos outros.

1 de nov. de 2018

01-11-2018

(Fotografia: Karlinha Ferreira)


Às vezes tudo que precisamos é de um pouco de espaço. Não queremos tirar ninguém das nossas vidas, mas precisamos de um pouco de tempo para cuidar de nós mesmos, admiro aqueles que conseguem fazer isso em companhia de outras pessoas, mas eu não sou assim, gosto de resolver minhas coisas sozinha, não é egoísmo, é um jeito de ser, os percalços da vida vão deixando marcas firmes em nossa alma, talvez seja por isso, talvez não. Não sei, mas sou assim.
Infelizmente sempre existirão consequências, com muitas delas não saberemos lidar. O importante é ter a consciência de que não queríamos machucar ninguém, as pessoas têm modos diferentes de se curar, e é essencial não meter ninguém na nossa loucura, no nosso processo, se não tivermos a plena certeza que essa pessoa ficará bem em meio a tudo isso. Bem, eu não tinha essa certeza.
Fazer o melhor que se pode nem sempre é o suficiente, mas, às vezes, é máximo que podemos fazer para preservar a nós mesmos e aos que amamos.
Planos a longo prazo sempre me assustaram, e eu sempre assustei as pessoas com meus planos de viver um dia por vez. É engraçado porque acho que vivendo um dia por vez é que se é feliz não o dia inteiro, mas ao menos se tenta ser feliz todos os dias, de modo a ter uma vida aprazível.
Hoje não me sinto culpada, acredito que foi o melhor, mesmo machucando tanto algumas pessoas, mesmo me machucando tanto. Estou em paz, mesmo tendo “perdido”.
Karlinha Ferreira

11 de jul. de 2018

11-07-2018



Há coisas na vida que não temos o controle, isso inclui nossa própria vida em certos momentos. Tenho aprendido que não adianta bater muito com a cabeça, algumas coisas só se resolvem no seu tempo, embora façamos tudo certo, embora corramos atrás, nada parece dar resultados.
Então devemos continuar, às vezes, parar e obedecer o corpo, escutar a mente, e depois voltar e continuar, na nossa vida, vez por outra precisamos de uma vírgula, aquela pequena pausa para continuarmos, e olhar esse mundo que várias e várias vezes maltrata nossos ideais e sonhos com bons olhos. Não falo de um olhar iludido, mas daquela velha esperança de que tudo pode ser que não dê certo do jeito que planejamos, mas que tudo dará certo da forma que tem que da.
É difícil se reerguer, é difícil levantar a cabeça, mas minha crença em dias melhores me auxilia de forma eficaz, todos viemos aqui por um motivo, e não acredito na tese de que temos que passar uma vida de sofrimento para encontrarmos algo melhor quando nossa matéria não estiver mais aqui.
Acredito piamente que no seu tempo o que plantamos retornará para nós, e que podemos sim ser babacas esporadicamente, quem nunca foi? Só não podemos deixar que isso seja parte permanente de nós.
Não dormi essa noite, e mesmo assim estou otimista. Mesmo assim pressinto que algo bom vai acontecer, quando? Não cabe a mim dizer, mas tenho certeza que para os inquietos de plantão, os insatisfeitos, os que almejam sempre algo a mais, para esses sim, algo vai mudar.
Compartilho da minha esperança com o mundo, porque sei que nossas lágrimas e esforços não foram e não serão em vão. Quero tudo, quero o mundo, quero viver intensamente sem culpa e sem arrependimentos, sendo quem sou.
E só a consciência de quem sou, do que sou já me dá um fôlego a mais.
Karlinha Ferreira

25 de mai. de 2018

25-05-2018

(Fotografia: Karlinha Ferreira)

“Porque eu sei que é amor, eu não peço nada em troca”
(Titãs)
É impressionante como as coisas mudam dentro de nós em fração de segundos. O amor foi feito para aqueles que amam acima de tudo a si mesmo, não adianta dar tudo de si para outrem se não tiveres isso para contigo mesmo. O amor próprio é o percursor dos demais amores.
Gosto de pensar que ninguém, absolutamente ninguém além de nós mesmos tem a capacidade de nos entender, de apaziguar o tornado gigantesco que opera dentro de nós. O outro não nos faz inteiros, precisamos ser inteiros independentemente do outro.
Amor não é se anular em detrimento do outro. Às vezes quando desistimos dos nossos sonhos por alguém, parte do que esse alguém mais admirava em nós vai junto, porque força, coragem, se erguer após cada golpe, essa qualidade de não desistir é o que faz um erguer o outro. Quando desistimos, não estamos desistindo sozinhos.
Tenho muita fé que um dia o amor seja vislumbrado como algo real e palpável, e não esse convencionalismo egoísta que pregam nas relações.
Sou romântica, e como dizem “todo romântico é louco”, pois pretendo me inundar na minha loucura e morrer nela, cada dia aprendendo e descobrindo pouco a pouco o que é esse mistério do amor.
Prefiro passar a eternidade tentando amar de forma livre, leve e insana, a morrer na mediocridade do meio termo.
“Amor com amor se paga”.
Karlinha Ferreira

10 de mai. de 2018

10-05-2018



A esperança pode vir de vários lugares, pode nascer até mesmo em meio ao caos.
Nossas mentes imediatistas nos traem constantemente, o pesadelo que vivemos diuturnamente acaba nos aproximando da loucura, não falo da loucura boa, aquela que nos conecta com o universo, falo da que nos desespera, nos atormenta de forma tão vil que não respeita sequer os mais sensatos.
Gosto de pensar no futuro, de imaginar como seria, o meu já mudou tantas vezes que nem consigo contar, alguns mudaram por escolha, outros frutos do acaso, se é que o tal existe.
Mas sinto que podemos ser arquitetos do nosso destino, embora esse queira fugir incansavelmente por nossas mãos, e quando estamos cansados, a esperança nos abandona e sem ela, não temos uma causa. Não somos mais quem somos.
O lance é conseguir alinhar nosso caminho de volta com o futuro que está a nossa espera. Ele chega tão rápido, e por vezes nos misturamos demais com outros seres ao ponto de confundir o sonho deles com o nosso próprio.
É bom sonhar, mas nos mover é preciso, é preciso saber reconhecer quem somos para entender para onde queremos ir. As asas precisam de treino para que o voo seja perfeito.
Quando a noite cai, e o amanhece chega, não raras vezes desejo ser quem sou, mesmo que em meu íntimo reconheça que há só uma fração do que eu era.
Sonho, esperança são coisas que devemos alimentar, caso contrário até aquela pequena fração some, e assim não nos restará nada, além de uma vida de lamento e solidão. Porque o que adianta viver se perdermos a nós mesmos? Não adianta. São lutas e batalhas constantes que olhando para o horizonte, já estamos derrotados, mas se decidirmos lutar uma batalha por vez talvez o titã adormecido dentro de nós venha para o mundo da realidade.
Esperança e perseverança sendo apenas quem somos. Essência não se muda, está impregnada em nós assim como as raízes estão nas árvores.  Paciência, coisa chata e em falta, mas não há caminho que nos leve aos nossos sonhos diferente deste.
Um dia o jogo vira.
Karlinha Ferreira

29 de abr. de 2018

29-04-2018


O tempo tem suas razões, embora nem sempre concordemos, embora ele seja por vezes rígido, há momentos que ele, somente ele sabe o que faz.
E quando ele decide ser generoso, tudo é mais leve tudo é tudo de novo. De um jeito melhor, mais eficaz, mais leve, mais...
Acredito que eu te deva desculpas querido tempo, pelo desrespeito e falta de entendimento. Sei que tu e somente tu sabes o que deve ou deverá ocorrer e quando.
Estou feliz pelo modo como agistes e hoje entendo, entendo que qualquer coisa feita fora do seu consentimento, depois de violada jamais volta a ser. E ser é o que importa.
A gente esquece quando esquece de esquecer, e sente novamente no momento que devemos sentir.
O sentir não se aprende, simplesmente toca ou não, simplesmente é.
E hoje sou, voltei a ser e como é bom ser invadida pela instiga no seu tempo, na sua hora. A brandura, a pluralidade, o destino que tu reservas.
Sou tua discípula agora e enxergo melhor que ontem, a ti tempo, agradeço.
Dedico-te minha compreensão e desprendo minhas asas porque o tempo chegou. Sei como chegar às nuvens, embora o olhar dos que não compreendem a grandeza do sentir creiam que os meus pés ainda estejam fincados no chão.
Só a ti devo algo, só a ti e aos teus feitos... Ser errante me ajudou a encontrar a parte de mim que outrora andava distante, estranha como uma desconhecida. Sinto-me mais inteira e sim, honrarei seus feitos.
Karlinha Ferreira

16 de abr. de 2018

15-04-2018


Algumas pessoas tem o dom de nos tocar e de fazer de nós melhores. Mesmo quando existe devassidão em nosso porão. Parece que elas têm o um jeito mágico de ver aquela bondade que até nós mesmos tínhamos esquecido que existia, e é isso que faz com que queiramos mais da vida, mais de nós mesmos.
O problema é que, às vezes, estamos perdidos demais para alcançarmos algo maior, e encontrar o caminho de volta nem sempre é fácil.
Lutar contra nossos impulsos, ou simplesmente admitirmos que aquilo seja de fato parte da nossa essência, e que apesar de machucar algumas pessoas é necessário jogar limpo para que se quiserem, ou assim decidirem ficar na nossa vida saibam exatamente onde estão se metendo.
O medo de nos mostrar é paralisante. Ficamos petrificados porque do nosso modo amamos, nos apaixonamos, e temos empatia. Esse lado diferente é só algo que também faz parte daquilo que está enraizado, e que não pedimos para ter, apenas temos.
Pergunto-me quem iria entender se todas as cartas fossem postas na mesa?
Karlinha Ferreira

7 de fev. de 2018

07-02-2018


(Fotografia: Karlinha Ferreira)

Esse começo de ano não foi nada fácil, por um instante pensei que iria enlouquecer. Enxaquecas constantes, falta de ânimo, mas hoje algo me atingiu, palavras sempre me ajudam.
“Sou senhor do meu destino, sou capitão da minha alma”[1]
Não sei por que me sentia tão mal, não sei o porquê da falta de perspectiva, a falta de visão para um futuro diferente deste que me assombra. Mas o destino é mutável, talvez o espaço infinito que nos cerque tenham vários infinitos que nos levaram a algo mais, algo maior do que esperamos.
Sinto medo, putz, como é difícil dizer isso em voz alta, mas sinto. Sinto medo da frustração, medo de me tornar alguém que eu não conheça, medo da inércia, medo de ser a única a não me mover.
Sei que nem tudo é lógico, inclusive o medo, sei que não sou a pessoa que baixa a cabeça para as situações, mas durante muito tempo estava sendo, e digo que isso acaba hoje, serei além do que sou, e irei além do que sonho, pois sei que em algum lugar de algum modo esse vazio enorme que sinto encontrará algo com seu exato tamanho, e serei inteira outra vez.
É complicado ser alguém “quebrado” porque muitas vezes nem lembramos do primeiro golpe que nos atingiu, foi uma pancada tão forte que nosso consciente nos obrigou a esquecer. A gente sabe que está quebrado, que te faltam partes quando por mais inteiro e pleno que pareça, são apenas capas, lá dentro há um temor e terror que assola, mas serei uma capitã para minha alma e passarei a buscar aquilo que de fato me traz os mínimos instantes de paz, alegria e instiga.
Crescerei e voltarei a crescer quantas vezes forem preciso. Navegarei pelo mar dos meus sonhos e desse modo os conquistarei, um a um...
Parafraseando Renato Russo: Às vezes quero ir pra algum país distante, voltar a ser feliz.
Os infinitos são conjuntos de finitos que vivenciamos no decorrer da vida, nossos finitos podem se alinhar ao de uma outra pessoa e criar infinitos ainda maiores. Bem como podemos navegar sozinhos e criar infinitos só nossos.
Karlinha Ferreira


[1] William Ernest Henley