27 de dez. de 2016

Fragmentada


No dia que você se foi meu coração parou por alguns segundos, minha respiração cessou e tudo em mim desmoronou. Fumei uma carteira de cigarro, tomei várias doses de Whisky e desejei que tudo em mim fosse refeito, mas não foi. Você era minha parte sã, era quem dava asas a muitos dos meus sonhos e agora, bem, agora era só eu, um coração fragmentado e uma dor insuportável... Não tive outra escolha a não ser sentir tudo aquilo todos os dias, chorar cada lágrima que aquela paixão merecia. Eu não contava os dias, perdi a noção de tempo você era o único pensamento. Senti tanto, doeu tanto, chorei tanto... Até que sem perceber parei de sentir, e eu já estava reconstruída, coração com uma cicatriz, porém inteiro. Pude respirar e sorrir outra vez, quem disse que tudo passa não mentiu. Tudo passou, inclusive você.

21 de dez. de 2016

21-12-2016



Sobre almas gêmeas...
Acredito que trata-se de um reconhecimento de almas, elas não são idênticas, nem sempre com os mesmos hábitos, porém, uma vez que se encontram é extremamente doloroso se desconectar uma da outra. Não falo de separação de corpos, mas de ligação.
Ter alguém para onde você sabe que pode voltar, alguém que acalenta, que é um pouso e um lar, não precisam coabitar, mas precisam estar conectadas.
Não tenho ideia de quantas vidas uma passa procurando pela outra, quantos corações são partido e refeitos, mas a alma que pertencem uma a outra sempre encontram um jeito de voltar, não importa quanto tempo leve. Quanta dor, quantos sorrisos vazios, elas sempre voltam.
Os defeitos podem ser gritantes, mas as qualidades são uma voz que ecoa durante o infinito. Não há o que falar em se completar, elas são completas por si só, apenas se somam, e o resultado é uma união perpétua. Independente de romances.
Almas gêmeas nem sempre tem a ver com o amor romântico, mas com a cumplicidade, entendimento e energia.Com o amor na sua plenitude. As almas se pertencem porque é assim que é. E assim serão sempre.
Podem casar-se, claro, ser enamoradas, mas serem simplesmente amigas ou tudo isso junto. Um lar. O lugar que você se sente mais protegido e mais protetor.

Karlinha Ferreira

5 de dez. de 2016

05-12-2016


Hoje não consigo dormir, estou fora de mim. Pensamentos tomam conta da mente e o corpo reage, fica alerta, aceso.
A cabeça dói, dói muito, segundo dia com ela assim. Tento pensar de maneira ordenada, criar uma linha de pensamento, ou simplesmente esvaziar a mente e dormir. Mas as tentativas são em vão. Estava em um período relativamente bom, sem insônias, cambaleando às vezes.
Essa madrugada não é como as outras, algo dói, algo inquietada parecendo uma navalha, algo pressiona o peito, mas ainda assim é noite, ainda assim consigo com esforço respirar.
A noite está quente, mas o céu continua lá, e sei que enquanto puder olhar para o alto e avistá-lo, estarei bem.

Karlinha Ferreira

21 de nov. de 2016

Gil


Ainda sobre o tempo...
Ainda mais importante do que vê-lo, ou senti-lo passar, é saber viver cada fragmento que ele nos dispõe. Esse ano vem me mostrado o quão frágil e fugaz é a vida. Muitos adeus foram dados, e isso mexe demais comigo.
Acordei com uma saudade louca de conversar com Gil, o cara era demais, tinha uma grandeza daquelas que é rara de encontrar em alguém. Ele apesar de ser evangélico, de ter uma fixação por doutrinas da igreja. Nada disso nunca fez com que ele julgasse, nunca o fez se sentir melhor ou pior que qualquer outro.
Jamais li no Orkut qualquer coisa que deixasse alguém mal, por suas palavras. Ele era o cara.
Lembro que de Gil tive a oportunidade de me despedir, ele não era mais tão forte fisicamente, mas nunca se deixou abater. Apesar da dor causada pelo Câncer, da debilidade, seu sorriso e mansidão continuavam lá. Não sei se um dia existirá alguém como ele. A expressão dele era sempre de fim de tarde, aquela expressão boa, que fazia com que a gente se sentisse acolhido.
Já faz tanto tempo mas sua falta nunca será amenizada. Você era grande demais, bom demais, amigo demais... Os grandes jamais são esquecidos. Te amo, sinto sua falta.
Ele era bom demais para esse mundo, por isso foi levado depressa, é assim que tento me convencer. Gil foi embora cedo demais...Meu amigo, meu amarelo, até a próxima vez...
Karlinha Ferreira

15 de nov. de 2016

15-11-2016


É interessante como cada um de nós tem uma percepção do tempo peculiar.
Para aquela pessoa que está apaixonada, mas que o objeto do seu desejo não está na mesma frequência. Enquanto esta pessoa espera, o tempo passa de forma desordenada e acelerada, é segunda-feira, mas de repente já é mês que vem, e ela ainda continua pensando incessantemente no ser amado.
Já para a outra pessoa que está tentando uma nova conquista, é como se o tempo passasse em câmera lenta. Ela conversa, manda mensagem, corteja e não se apercebe do tempo que está passando, assim também o é para os enamorados.
As decepções às vezes nos acorrentam, fazem com que paremos no tempo, sempre revendo o mesmo filme da nossa vida. Inertes. Nos flagramos pensando no que poderia ter sido, mas não foi. Em certos casos somos acorrentados por nossos próprios erros, por nossa própria covardia. A nossa incapacidade de ter sido o melhor para quem amamos.
O que nos resta é tentar sincronizar o tempo para que o rancor, a raiva e a incompetência sigam seu fluxo normal.
Lidar com o que poderíamos ter sido dói. Mas enxergar o leque de oportunidades daquilo que ainda podemos ser, é libertador.


Kalinha Ferreira

1 de nov. de 2016

01-11-2016

(Foto: Karlinha Ferreira)

Esse ano não está sendo fácil em diversos sentidos. É difícil inclusive agradecer.
Mas hoje, depois de uma noite insone vislumbrando o céu, com a brisa fria típica da cidadezinha do interior, senti-me grata. Essa gratidão, me fez prestar atenção nas pequenas coisas que estão ao meu redor e que estou conseguindo manter.

Nada tem me faltado, ao menos nada que realmente importe. Meu coração está cheio de bons sentimentos, transbordando, e desejando o boas energias para as pessoas e o universo. Peço que a calmaria invada os corações e que o olhar de cada um seja direcionado a olhar o lado bom da vida. O lado ruim, é a nós imposto todos os dias.
Que os bons ventos no cerquem e conservem nosso sorriso bobo!
Karlinha Ferreira

16 de out. de 2016

Espiritualidade e Homossexualidade

Certa vez li algo que falava sobre amor e espiritualidade, relacionando esses fatores com a homossexualidade. E o autor dizia que pessoas homossexuais poderia sim ter uma vida com Deus, desde que deixasse seus impulsos e desejos de lado.
Me pergunto, alguém pediu para nascer homossexual? Alguém se torna homossexual? Alguém tem direito de escolha?
Ao meu ver só há uma resposta para essa pergunta, NÃO!
Se uma pessoa é heterossexual e pode namorar com alguém que sinta atração, com alguém que ame e ter uma vida sexual e espiritual. Por que o homossexual tem que abrir mão do amor para ter uma espiritualidade?
O que vejo em muitas igrejas, templos... Religiões de forma geral é que, se você for gay e tiver uma vida socialmente aceitável, tudo bem. Mas se você for gay e quiser ser aceito em um ciclo religioso, isso custará tudo, sua dignidade, sua espiritualidade, seu caráter, sua fé... Esse amor não é aceito.
O que é aceito é que você, homossexual, use uma máscara, finja interesse por uma garota, case com ela e, ou você vai pra cama com ela pensando em outra pessoa, ou não vai pra cama com ela e acaba chegando há determinados limites, há a depressão, há o adultério, há o peso que é lhe imposto além. E aquela garota que você, homossexual, acha que fez bem em ficar com ela, acabou trazendo a ruína para ela também.
Se você não a procura, ela inexperiente, pensará que a culpa é dela, ela é mulher e também está passível a se sentir atraída por alguém que lhe dê mais atenção.
Penso que se cada pessoa vivesse o amor, apenas o amor, o mundo seria um lugar melhor. Não existe amor mais feio ou mais bonito, o que existe é sinceridade, verdade.
Não acredito que uma vida de sofrimento e negação seja a vida que uma força superior queira para qualquer um, pois Ele estaria sendo no mínimo injusto.
Poderiam dizer que o ser humano não foi feito para ser feliz nesse mundo, eu discordo. Acredito que as ferramentas para a felicidade estão aí, ao alcance de todos. Apenas é preciso parar de ter medo e pensar que a espiritualidade que se almeja está em lugar “a” ou “b”. E procurar fazer o bem, amar e buscar uma vida íntegra. Integridade independe de religião.
Amor é só amor. E há um amor plural. O seu modo de amar não é errado porque é diferente!
Karlinha Ferreira


P.S. Após um amigo ler o texto antes de ser publicado, me recomendou o filme “Prayers for Bobby” (Orações para Bobby), assisti e amei, desidratei e recomendo.

3 de out. de 2016

04-10-2016


Estou sinceramente assustada com o ano de 2016.
São tragédias de todos os tipos, muitos adeus sendo ditos precocemente, muitas pessoas que estão sofrendo, sendo invadidas e a única sensação que fica além da perda é a impotência. E a única pergunta que vem à mente é: quem será o próximo?
Já deu para perceber que não há uma ordem, que não há idade, apenas a partida. Apenas a dor. Sei que não estou sentindo tudo isso sozinha, mas há um turbilhão de pensamentos que nos invade.
Só almejo paz, sei que tudo tem um propósito, mas cabe a mim não entender, cabe a mim sentir raiva, dor, mágoa. E um dia talvez entender.
São vidas cheias de vida, são jovens, tão jovens. Deveríamos ter uma chance real. Hoje não consigo enxergar.
O que vejo são pessoas tentando estancar o sangramento (inclusive eu), para continuar lutando. Embora pareça que não tenhamos chance alguma.
Está doendo, está difícil. “Um dia por vez”, esse sempre foi meu lema e continua sendo. Sobrevivi por mais um dia.
Acredito que precisamos fazer o melhor que podemos, agora, não há tempo para ser bom amanhã, não há tempo para realizarmos nossos sonhos amanhã. Nosso momento é agora, é hoje. Façamos o que melhor sabemos fazer: viver!
Não ter o controle assusta, mas viver uma vida sem arrependimentos é o melhor, se preparar para perdoar amanhã, de nada vai adiantar se não pudermos chegar lá. Se for pra partir, que a partida seja leve, seja desvinculada de qualquer coisa que tire nossa paz.
Hoje mais do que nunca tudo em mim clama por vida. Uma vida bem vivida, uma vida com risco, paixão, intensidade, com amor e com compaixão. Uma vida onde eu escolho me dar uma segunda chance, de ser melhor agora. E de conquistar o mundo, porque ele é nosso!
Somos tão jovens!

Karlinha Ferreira

20 de set. de 2016

18-09-2016

Às vezes quando estamos muito machucados, não queremos ferir ninguém, não queremos nada, exceto a cura. Que a dor passe depressa para que possamos seguir. É difícil quando esperamos mais de alguém. Mas ao mesmo tempo precisamos entender que as pessoas são só pessoas, e que em alguns casos nem elas mesmas sabem o dano que estão causando.
É por isso que se curar, aprender e seguir o fluxo da vida é o melhor. Por melhores que sejam as pessoas, elas sempre irão nos decepcionar, cedo ou tarde. Mas o que acontece quando nos desarmamos e esperamos o inverso, esperamos que elas nos surpreendam, mas não acontece?
São apenas pessoas, pessoas que acertam e que erram como qualquer uma, mas confesso que é péssimo quando esperamos mais de alguém.

Karlinha Ferreira

11 de set. de 2016

09-09-2016

(foto: Karlinha Ferreira)
Quando não se sabe para onde ir o melhor é recuar, voltar ao ponto em que se iniciou para que a clareza seja atingida.
Não é fraqueza admitir que não se sabe o que fazer, principalmente quando a decisão que tomamos irá refletir no resto de nossas vidas.
Sempre Falo que precisamos aprender a lidar com o resíduo de nossas escolhas. Por isso é preciso saber exatamente que direção tomar, certa vez li que quando se sabe onde se quer chegar qualquer caminho nos leva até lá. Caminho. Direção. Acredito que é isso que precisamos descobrir.
Quando dou um passo para trás é apenas para pegar impulso para um salto, um voo ainda maior.
Serei o que quero ser, encontrarei a melhor versão de mim e me agarrarei a ela com toda força do meu ser. Quanto aos resultados... esses serão apenas resposta para todo esse turbilhão que quer me sucumbir nesse momento, mas mostrará a firmeza e a força de quem soube recuar e esperar o momento certo para concretização dos sonhos. Não será agora, mas continuo acreditando que sonhos se realizam todos os dias. O meu se concretizará no momento estipulado pela energia que rege o universo. Se não hoje, com certeza amanhã ou depois.
Essa desesperança que às vezes abate se tornará um combustível para o sonho que almejo todos os dias incessantemente.
Persisto, mesmo que tudo em mim grite por desistência. Persisto!

                                                                                                                                     Karlinha Ferreira


6 de set. de 2016

06-09-2016

(Foto: Karlinha Ferreira)

Descubra o que você quer ser e lute por isso. Não importa quanto tempo dure ou as renúncias que você terá que fazer o mais importante é não nos perder. É claro que isso acontecerá vez por outra, mas se soubermos quem somos sempre conseguiremos encontrar o caminho de volta.
Sou uma otimista implacável, gosto de pensar que sempre podemos ser melhores, que aqueles sonhos que muitos dizem ser impossível é atingível sim, desde que não desistamos.
A grandeza que procuramos lá fora, está dentro de nós e temos a força e a aptidão para chegarmos onde queremos, basta decidir buscar, buscar incansavelmente, não importa nada que está fora, não importa o que dizem a conquista é sua.
Desistir não foi feito para os grandes, e por menores que nos sintamos, somos gigantes, esse mundo louco tem um modo desumano de nos destruir, ele é traiçoeiro, se agarra aos nossos pontos mais frágeis. Por isso devemos insistir e mostrar que nada ou ninguém pode ditar como devemos seguir.
Somos loucos, mas só os loucos sabem viver. Sabem que vale a pena viver, mesmo que tudo esteja contrário, só precisamos continuar acreditando. Uma hora a loucura vira uma doce e invejável realidade.
Sempre em frente, sempre pra cima, sempre buscando e se agigantando... Sempre voando alto.

Karlinha Ferreira

11 de ago. de 2016

Regresso

É difícil raciocinar, manter a calma quanto tudo em você clama por celeridade, suplica por resultados. O tempo está passando depressa e o que sentimos é que a cada dia que termina, nos distanciamos mais de tudo aquilo que havíamos sonhado.
Nesses momentos não costumamos enxergar com clareza, é como se estivéssemos nos debatendo, apenas nos machucando, sem conseguir ir a lugar algum.
Aprendi que preciso respeitar minhas conquistas, que apesar dos fracassos, sempre voltei a ficar de pé e mesmo com a alma gritando de dor, de desespero, continuei seguindo. Buscando.
Às vezes supervalorizamos demais o que ainda não conquistamos e esquecemos de dar o mérito devido as coisas que são nossas, as vitórias que ninguém sabia que estávamos travando, mas nós sabíamos. É preciso parar de procurar motivos para nos auto sabotar, porque não há nada pior que auto sabotagem.
Quando a visão parece turva, quando não conseguimos enxergar o caminho, é preciso parar e voltar, lembrar das promessas que nos fizemos, lembrar das escolhas que foram feitas, e aprender a viver com o resíduo delas. As escolhas foram feitas por nós, o mérito ou a frustação são nossos.
Tendemos a acelerar quando estamos na ânsia de nos encontrar, mas vez por outra é preciso parar e deixar a vida seguir seu fluxo, as coisas irão acontecer no tempo certo. Apesar da ansiedade não há outra maneira de se chegar aonde se quer sem se mover, é vivendo que se vive, um dia por vez... aos poucos respeitando nosso tempo. A vida tem sua própria corrente, o que é pra ser nosso, chegará a nós.
Karlinha Ferreira

2 de ago. de 2016

Deixar ir

Às vezes o melhor que podemos fazer por alguém é deixa-lo ir. Não importa o quão gostaríamos que algumas pessoas permanecessem, porque a felicidade delas pode estar do lado oposto ao que nós estamos. Talvez a gente se esbarre lá na frente, quem vai saber?
Talvez nunca mais sejamos olhados da mesma forma, talvez sejamos aquela coisa que acontece um degrau antes da felicidade plena, do amor.
Fato é que nunca iremos saber na verdade. Apenas precisamos confiar nos nossos instintos e saber que a visão de algumas pessoas estando bem, realizadas, plenas, são o que precisamos enxergar, embora que tudo isso esteja bem distante do que havíamos sonhado.
Há separações que são apenas um tempo. E “há tempos”, que são verdadeira separação.
Na realidade a gente só sabe o que é o quê, quando acontece. É impossível calcularmos hoje. Apenas precisamos deixa-las ir, libertá-las e aguardar pelo tempo que a gente aguentar, ou simplesmente aprender a viver de outro modo, embora que aquela falta seja a última coisa que você sinta todos os dias antes de dormir.

Karlinha Ferreira

27 de jun. de 2016

Olhar-se

(Fotografia, Karlinha Ferreira)
Li uma vez que conseguir se olhar de fora é uma das maiores conquistas que podemos ter, que é neste caso o caminho mais claro para evolução.
Nesses últimos dias estive tentando fazer isso, na realidade há alguns anos que tento, mas ontem consegui ver as coisas com uma clareza nunca tida em outrora.
Vi que sou responsável pelo que eu faço, pelo que sinto, e pelo que conquisto. Responsabilidade esta, que também abrange as coisas que destruo nos meus momentos de extremo egoísmo, de insensatez e estupidez.
Entendi que não importa quão melhor eu queira ser, nada vai acontecer se eu não começar o processo de mudança, começando sempre por dentro. Que não importa quão boa eu pareça aos olhos dos outros, tenho que ter ciência do meu porão e dos fantasmas que habitam nele. E que não importa o quanto alguns me achem má, tenho que saber que não sou só o que pensam, que há tanto bondade quanto maldade, mas que tento ser luz, embora às vezes, eu permita que algumas circunstâncias me ofusque.
Que posso errar, e vou errar, mas que tenho que tentar não ferir ninguém, mas se ferir aprender a fazer com o menor número de pessoas possível, se curar, se perdoar já é difícil demais para lidar com o perdão alheio que talvez nunca venha.
Ao me olhar de fora vi ainda que meus sonhos são meus, e que ninguém vai poder começar a realizá-los por mim, por isso preciso começar hoje, não dá para deixar sempre para amanhã o que só eu posso fazer por mim. E que a melhora, a evolução é um processo contínuo e lento, não posso me permitir retroceder, embora esteja caída. É preciso erguer a fronte e continuar, continuar sempre. E sempre em frente.
Há coisas que ninguém poderá fazer por mim, e ser a pessoa que sonho ser é uma delas.
Enxergar-se de fora, esse é o início.

Karlinha Ferreira

27 de abr. de 2016

Inquietação


Aquela tão familiar e íntima inquietação voltou a me atingir. Ela sempre vem na fase que estou reexaminando os meus passos. Mesmo em movimento sinto que o meu caminhar não anda na mesma frequência que a vida que eu tivera/quisera outrora.
É como se eu estivesse a quilômetros de distância dos meus sonhos. Fico insatisfeita rápido, a monotonia é uma morte lenta da qual tento fugir de maneira gritante.
Olho pro mundo e sinto o tanto de coisas que tenho para conquistar, que posso conquistar, mas meus movimentos em direção a estas coisas são imperceptíveis diante da minha inquietação.
É algo que me tira o sono, me petrifica diante de tantos gritos internos. É como se eu fizesse sinais, mas ninguém visse, é como se a outra parte de mim ficasse inerte diante de tamanha agonia, essa agitação está ganhando mais espaço de forma voraz, e não vejo a hora de só dar ouvidos a essa inquietação.
Agir em busca dos nossos sonhos é a única forma de ser feliz e de se sentir bem consigo mesma, a auto realização só chega a nós através do que fazemos por nós mesmos, do nosso próprio esforço e suor.
Só nós sabemos o tamanho que nossos sonhos tem, não podemos deixá-los morrer. Ignorá-los seria como ignorar a própria vida.

Karlinha Ferreira

24 de mar. de 2016

O que você prefere?


As pessoas são diferentes. Não sei o que fazer quanto as diferenças gritantes, um dia alguém me disse: não trate as pessoas como você gostaria de ser tratado, as pessoas podem ser diferente. Isso nunca fez tanto sentido.
Mas acredito piamente que em algo todos concordamos, ninguém gosta se ser escória ou ser tratado como tal.Todos clamam por algo mais.
Aprendi que é bom tratar as pessoas bem, aprendi a sorrir independentemente das situações que me circundam. E percebi o quanto era prazeroso quando as pessoas sorriam de volta. Vi que ninguém pode viver em uma bolha, cedo ou tarde elas estouram, murcham ou te entediam.
Com o tempo entendi que devemos atribuir a cada pessoa apenas o real valor que elas tem nas nossas vidas, de forma emocional, isso nos preserva de desgastes. 
Notei que fazer alguém se sentir mal jamais será uma forma de eu me sentir bem, e que todos estamos de alguma forma ligados, quer seja por boas energias, quer seja por energias negativas, de um jeito ou de outro sempre seremos atingidos, não há proteção perfeita, você terá que escolher um lado. Como você vai querer se ligar a alguém? A não ligação nunca foi uma opção. Talvez uma distração aos desavisados.
Karlinha Ferreira


26 de fev. de 2016

Até a próxima vez...


Não tenho ideia de que merda está acontecendo esse ano. Parece que estamos sendo tragados um a um sem explicação. Somos todos tão jovens, há tanto para se viver, mas parecemos não ter chance, é uma luta diária dia pós dia, e no final, ninguém vence. Absolutamente ninguém.
Estou cansada, meu corpo parece não obedecer, minhas emoções só querem que eu suma por um tempo, na realidade elas imploram por isso, por paz, as dores vem de todos os lados, pessoas dizendo adeus, pessoas que fizeram parte da nossa adolescência, das nossas descobertas, da nossa história... Pessoas que estavam ali, e só pelo fato de estarem, de sabermos que elas estavam, era bom... Mas aos poucos estão indo uma a uma.
É um senhor que crescemos admirando sua força, sua vaidade, sua esperteza, que agora está preso a uma cama com sua mente sendo esvaída incansavelmente, tirando sua sanidade, lembranças, tirando do seu corpo a virilidade, força, energia e até as coisas mais simples como até mesmo a capacidade de se mexer.
É um garoto com seus vinte e poucos talvez trinta anos, que deixa seu filho, seus pais com a promessa de que voltaria, mas ele não volta.
São dores que querem partir nossa alma, parece que nossa alma é pequena para saciar tanta dor, tanta inconformidade, tanta revolta. É verdade que coisas ruins acontecem todos os dias, mas não deveriam.
Hoje me despeço de você Alexandre, Xande, nosso Xande... O garoto bonito de olhos claros, sorriso sincero que ganhava a simpatia de todos, e todas as meninas dessa cidadezinha. Vai com os anjos vai em paz... Até a próxima vez...
Karlinha Ferreira


17 de fev. de 2016

Devaneios de uma mente insone


Olho para esse céu estrelado em plena madrugada e a única coisa que me reconforta é saber que dentre bilhares de pessoas no mundo há alguém que se sente exatamente como eu.
Alguém que embora algumas coisas deem certo, sente-se com um aperto por dentro, um nó na garganta. Isso embora pareça egoísta diminui essa sensação de solidão que consome, esses pensamentos que me angustiam, à ponto de não querer que a noite acabe, mesmo que essa/essas pessoas estejam a quilômetros de distância, não parece ser tão ruim ser solitário, porque de um modo estranho, não sou solitária sozinha.
Hoje entendo o porquê de algumas pessoas preferirem a dor física, ela te distrai do que está realmente te matando por dentro.

Karlinha Ferreira

31 de jan. de 2016

2016


O ano começou estranho, 3 mortes em menos de um mês, três pessoas conhecidas, não vou incluir aqui pessoas que eu não conhecia, pois não saberia falar com propriedade.
Três pessoas se foram, um assassinato, um infarto e um suicídio. Tudo isso me entristece sobremaneira, sei que “viver é Cristo, morrer é lucro”, mas se as pessoas forem sinceras, ninguém quer realmente morrer, todos querem ver seus sonhos se concretizando. Querem ver seus filhos, netos, querem prosperidade, felicidade, acredito que é o que todos procuram.
Algumas pessoas podem apontar para a pessoa do suicídio, eu poderia jurar que das três a que mais gostaria de ser feliz seria esta. Ninguém acaba com a vida porque quer, ninguém quer realmente morrer, algumas pessoas simplesmente não sabem como lidar com o sofrimento, e a única forma que encontram é a morte. Sinceramente não estou preocupada com o que diz textos sagrados de um milhão de religiões diferentes, só me preocupo com a condição humana. E em como estão se sentindo.
Gostaria de não me importar com nada disso, de não ligar para esse mês. Mas está sendo bem difícil de digeri-lo. Mesmo sem ter amizade de fato com a maioria, mas eram pessoas do cotidiano, que cresci convivendo, que já troquei uma ideia, ou tomei umas cervejas, ou fui para algum culto dirigido por ele.
Estou cansada de ver tanta gente indo embora, quando começa um novo ano sempre pensamos no que poderemos conquistar, esse ano está como um tapa para no advertir do que podemos perder, não sei se a ideia é que valorizemos mais o que já temos, ou que realmente sintamos essa dor rasgando nosso peito e dilacerando a nossa alma, duas dessas pessoas eram poucos anos mais velhas que eu. Estou sendo atingida de maneira brutal.

“...a morte de qualquer homem diminui-me, porque sou parte do gênero humano. E por isso não perguntes por quem os sinos dobram; eles dobram por ti.” (John Donne)

Karlinha Ferreira