31 de out. de 2019

13-10-2019



Hoje é um daqueles dias em que a saudade toma conta de mim, aquela nostalgia paralisante que nos faz imergir e refletir sobre tudo que se foi.
Sinto falta daquela garota que tinha dentro de si uma coragem e uma esperança indomáveis.
Que viajava do nordeste para o sudeste de ônibus sozinha aos 14 anos de idade.
De quem tinha certeza de como seria seu futuro...
De quem olhava para o céu e reconhecia os mistérios e a força contida nele para impulsionar os sonhos, que acreditava no céu estrelado como um milagre para dar asas aos sonhos.
De quem sabia que não precisava ser fiel e leal tão fortemente a ninguém quanto a si mesma.
Que acreditava que no final ficaria tudo bem.
Que perdoava incansavelmente a qualquer um que a ferisse.
Que sabia que no peito mesmo com o coração sangrando e despedaçado, um dia sararia, pois nada dura para sempre.
Que não buscava ter do lado um amor, não por medo do abandono, mas por reconhecer suas próprias limitações e entender que é preciso ser inteiro antes de ser dois.
A garota que não temia a solidão, que reconhecia seu potêncial e que acreditava que com afinco e trabalho duro, sem desistir aquilo que outrora estava no mundo dos sonhos e das fantasias, adentraria no duro mundo da realidade como uma recompensa.
Alguém que apesar dos jogos que a vida faz, e da crueldade sem medir idade, sem olhar para ingenuidade ou pureza te bofeteia e te entrega segredos que viram fardos, que faz com que você fique mais rígida diante de tudo e todos que a cercam ou venham a cercar.
É difícil, infinitamente difícil continuar acreditando. É insuportável sentir determinadas dores. A vida, o crescer, acaba mudando quem aquela garota era, e a torna alguém que aprende a esperar sempre o pior, a estar a um passo a frente sempre, para que não seja tão amargamente surpreendida outra vez.
Hoje parece que não só aquela garota, mas todos tentam tão somente sobreviver um dia por vez, e honestamente, isso não basta.
Ela sempre vai querer mais, sempre vai querer sentir, sempre estará com aquela sensação de vazio pelos mundos ainda não explorados, pelas experiências não vividas, pela falta de tudo que aquela garota sonhava em ser, porque sim, aqueles sonhos apesar de na maioria das vezes ficar escondidos ainda faz a vida da garota ansiar por eles.
Não há tempo para viver olhando para trás, não há tempo para mediocridades, não há tempo para parar de sonhar. Porém os sonhos de hoje requerem projetos e mais alma que nunca.
A desesperança ganhou força, mas a garota não nasceu para desistir, e dia pós dia aprendendo a lidar com seus demônios e com seus fracassos é que faz do mundo um lugar real, embora cercado por dor e medo, no entanto precisa ser vivido, se agarrando a cada gotinha de felicidade que em muitos meses parece migalhas que são usadas como combustível para não desistir, e que esses sentimentos que querem nos bloquear, serão mais um obstáculo a ser ultrapassado para que um sonho por vez seja realizado.
Um sonho por vez e a gente vai vivendo, um tombo por vez e a gente vai aprendendo e se fortalecendo, um dia por vez e a garota do passado pode ter esperança da garota do presente... Uma coisa sempre por vez. Digerir é preciso.
A coragem indomável voltará.
Karlinha Ferreira


24 de set. de 2019

14/09/2019



Liberdade real, verdadeira, genuína é poder ser quem você é sem subterfúgios. É não precisar de aprovação, é ter uma mente que se aceita com todas as limitações e peças pregadas.
Ser realmente livre depende tão somente de como você está dentro da sua mente. Aquilo que externamos nem sempre (quase nunca) é a verdade, é necessário ser livre de dentro para fora, caso contrário viveremos sempre presos na nossa própria prisão.
O que pensam ao nosso respeito, o que rejeitam, o que incomoda, nada, absolutamente nada disso é quem somos, nada disso é problema nosso, nada disso nos define. Ser é diferente de estar, estamos todos presos e sedentos. Mas o fato só muda quando mudamos nossa postura e nosso modo de nos ver.
O que realmente precisa mudar é o amor que precisamos nutrir para com nós mesmos, não há como amar outra pessoa quando não conhecemos o sentimento de sermos amados pela pessoa mais importante que é você mesmo.
Queira viver, queira ser livre, queira ser feliz. E se para tudo isso poder acontecer você tiver que incomodar algumas pessoas, incomode, porque tudo tem um preço, inclusive sua paz, sua liberdade.
Gosto de pessoas que desbravam o mundo. Pessoas que apenas são.
Karlinha Ferreira

19 de fev. de 2019

19-02-2019



Há um breve momento na vida que você percebe que apesar de tudo de ruim que está acontecendo no mundo, você está bem.
Que apesar do caos, de ser subjugada, você ainda assim conseguiu ficar bem.
Que mesmo você tendo tido um ano bem filho da puta, os problemas te envergaram pra caralho, mas você não quebrou.
Há um breve momento na vida, que você sente como se fizesse parte de algo maior.
Que os sonhos de outrora, ainda são possíveis.
Que você se sente realmente confortável na sua própria pele.
Por esse momento, por esse breve momento, você é feliz.
Durante esse momento você é apenas você e isso parece bastar, você não enxerga olhares, não vê nada além do que a sensação que aquele momento te proporciona... É um momento que faz você entender que está preparado para tudo, que você, e só você sabe a infinita felicidade que corre nas suas veias.
Há um momento que ser feliz é possível e basta, não precisa durar, só sentir.
Há um breve momento, que você não quer ser ninguém além de quem você é.
É um momento raro...

Karlinha Ferreira

12 de fev. de 2019

12-02-2019




Penso que seu modo de se vestir, de fazer caridade, de falar ou se portar não são nada quando você faz aquilo condicionado a uma recompensa futura. É muito mais sincero agir conforme suas vontades sem machucar ninguém, mas fazer pelos motivos certos, por algo que de fato faça seu coração palpitar.
Não acredito em verdades absolutas, não acredito que só um caminho é o certo, mas acredito na compaixão, no amor, na esperança, na luz e na energia que as pessoas emanam.
Você pode passar a vida agindo “certo”, mas pelos motivos errados, isso não te torna melhor do que aqueles que você julga, e o julgar é algo tão intrínseco que está no olhar, na intenção e não necessariamente no falar.
Admiro as pessoas leves aquelas que vivem suas vidas sem se preocupar com o que pensam a seu respeito, afinal o pensamento não é delas e sim do outo, então não pode se responsabilizar pelo que o outro faz.
Estereótipos, ser diferente, ser você... Não cabe a mim ou a ninguém julgar, óbvio que o diferente vai chamar a atenção, mas cabe a cada um trabalhar o preconceito que veio enraizado com nossa cultura empobrecida e apodrecida de rejeitar tudo que não entendemos ou tudo que gera desconforto em nosso mundo.
Somos egoístas por natureza, mas nosso egoísmo, nosso esforço para não saímos da nossa zona de conforto tem custado vidas, tem literalmente matado milhares de pessoas por dia, e não pense que nossas mãos estão limpas porque não fomos nós que deferimos o golpe, pois essa energia ruim, essa intolerância é quem puxa o gatilho e apedreja todos os dias, todos os momentos.
Temos o direito de divergir, mas não temos o direito de fazer alguém se sentir tão mal a ponto de não se sentir bem na sua própria pele, não é crime ser diferente. O verdadeiro amor é exercitado quando optamos em não julgar, mas entender que cada pessoa é um ser que carrega um mundo dentro de si, e que não é porque ela não se parece externamente com você que ela não sinta como você. Empatia, compaixão são as verdadeiras características do amor e a maior prova de humanidade.

Karlinha Ferreira