29 de jun. de 2020

28/06/2020


 (Foto: Karlinha Ferreira)

Hoje minha tia faleceu. Ela era uma mulher extraordinária. Não fomos unidas pelo mero acaso como laços sanguíneos, mas apenas pelo amor, pela a escolha e acredito que família seja isso. Ela cuidou da minha mãe, cuidou de mim, mas com a idade avançada optou por ir para um asilo, não queria dar trabalho a ninguém e dizia q era feliz lá, com o passar dos anos foi ficando cada vez mais debilitada.
Ela caiu e passou a ter medo de andar. E daí em diante com os anos foi piorando. Nessa época louca de pandemia, sequer pude me despedir.
Tia Cícera nunca casou nem teve filhos, ela era serena e doce, durante toda minha vida nunca a vi reclamar, nunca se queixava.
Ela era entre as tia-avós a minha favorita. Eu a amava e ela me amava. Nunca me senti de outro modo perto dela se não amada.
Hoje tentei fugir de todas as formas para não pensar no que tinha ocorrido, por um tempo consegui, mas como é notório, o fracasso. Fracassei porque ela é importante demais para ocultar a perda, fracassei porque a amava e dói saber que uma das melhores pessoas desse mundo partiu. É como se o equilíbrio do mundo fosse afetado. Tia Cícera "não era ninguém, mas nunca existirá alguém como ela".
Eu espero que sua energia continue nos desacelerando e que sua paz seja exemplo para mim, que eu possa ser um pouquinho "tia Cícera" na mansidão e na bondade.
Vai com os anjos, minha tia, vai em paz... até a próxima vez.  Amo a senhora!
Karlinha Ferreira