17 de nov. de 2014

Madrugada


Sinto-me muito bem durante a madrugada, mesmo insone, mesmo sem ninguém para bater papo. Sinto-me inebriada. Aqui estou com um incenso aceso, ouvindo o galo problemático do vizinho cantar (acho inclusive que irá ficar rouco, pois são 2:50h da manhã e ele não para de cantar), e sentindo a mente vaguear por tantos lugares quanto minha imaginação permita.
Aprendi que solidão é estado de espírito e que é bom gostarmos da nossa própria companhia. Vejamos, não há ninguém no mundo que se sinta tão bem fazendo as coisas que acho interessante do que eu.
Gosto de ter um tempo pra mim, e é isso que a madrugada me propicia. Com o silêncio na cidade posso pensar direito, posso escrever, chorar, sonhar... Me arrepender, um arrependimento sincero de tudo aquilo que fiz ou que deixei de fazer, na noite, posso ler Bukowski, tomando uma dose de whisky e ouvindo Dylan ao fundo. Isso pra mim é a pura descrição de um momento feliz.
A madrugada é discreta, ouve sem questionar, assiste ao desespero sem se assustar, e ainda assim sorrir com ternura usando suas estrelas. Sou noturna, e gosto de ser assim, às vezes essas noites insones me rendem momentos ímpares.
À noite posso ser apenas eu, sem rótulos, só a essência, só aquela garota que vive numa busca incessante, que quer sempre mais, que carrega no peito uma inquietude. Sou apenas eu mesma, assim sem subterfúgios.


Karlinha Ferreira

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