Aprendi
que a primeira coisa para estar com alguém é não precisar dela. É simplesmente
estar por não precisar. É você conseguir se sentir tão bem consigo mesmo que a
percepção de se sentir completo, seguro, cheio, a sensação de conseguir dar seu
melhor, ser o melhor que se pode ser dentro das suas limitações te dar o
direito de permitir que alguém entre.
É
absurdamente difícil lidar com nossos porões, falhas... Fico excessivamente
irritada quando não sou o que eu queria ser, e me pergunto “como colocar alguém
em meio a essa confusão?”, não seria justo com ninguém, nem com o outro nem
comigo. Se curar, se cuidar, olhar pra frente, ser o que eu quero ser e daí
sim, abrir as portas e acrescentar, somar... Óbvio que nunca chegaremos a
perfeição, e não é isso que imponho, mas apenas o bem-estar, o estar em paz,
estar satisfeito para poder satisfazer, me amar, gostar do que vejo quando olho
no espelho, para então poder amar de volta.
Esse
“não precisar”, na realidade é uma preservação do sentimento mais puro, é uma doação
sincera do meu melhor sem perder a consciência do meu pior, mas sabendo
administrar e não passando para o outro essa responsabilidade.
O
“não precisar” é saber que no fundo preciso, mas reconheço e respeito o meu
momento e o momento do outro. Reconheço, que amadurecer, se curar, crescer,
leva tempo e que esse tempo deve ser respeitado. Amar requer renúncia,
sacrifício, e acima de tudo entender que o amor é um sentimento que demora para
florescer, requer cultivo e que esse amor começa em mim, para então ser
partilhado para o outro, amar também é separar para depois juntar.
Amor
não é egoísta, o “não precisar” é um preparo para o que se espera para uma
vida. Talvez no final, eu de fato não precise e isso não será ruim, será um
sinal que me conheço e aprendi a lidar comigo de outro modo, e que posso ser
feliz com alguém, mas que também posso ter a felicidade plena sendo apenas eu
comigo mesma, e essa satisfação bastará.
Karlinha Ferreira
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