É
complicado ser quem você quer ser nos dias de hoje. Tem algo de errado na
atmosfera que eu não consigo entender. Algumas pessoas pertencentes a
determinadas filosofias e que em geral são minoria, que exigem respeito por ser
homoafetivo, feminista, de esquerda (extremista), de direita (extremista), por
ser alternativo, curtir uns lances mais naturais como não se depilar, ou ser
vegetariano...
O
que quero dizer é que essas pessoas que em geral são alvos de preconceitos
deveriam por uma questão de empatia, ou por uma questão lógica ser mais
tolerantes. Quantas vezes já ouvi de mulheres feministas, ou de uma religião
afrodescendente que eu deveria deixar meu cabelo cacheado porque eu sou negra, ok.
Eu poderia deixar se eu quisesse como eu já deixei, mas acho que cada um deve
usar o estilo, corte de cabelo, o tipo de roupa que gosta, que se sente bem, e
não por ser preto ou branco e ter que fazer uso de determinado padrão imposto
pela raça. Cadê a liberdade? No entanto quando encontram alguém de cabelo
escovado, já saem com aquele discurso, “você está usando um padrão imposto pela
mídia, por essa sociedade capitalista onde o único padrão de beleza é aquele
imposto pelas atrizes de TV” e aquele bláh, bláh, bláh, sem fim. O pior é que
às vezes falam tanto que a pessoa que até certo momento estava se sentindo bem,
passa a se sentir mal, só por que um bando de gente que não consegue respeitar
a opinião alheia se acha dono da razão.
Outro
dia ouvi que eu deveria ser do candomblé por que eu sou negra, porra! Nada
contra a religião, tenho enorme respeito pelos diferentes tipos, mas nunca me
chamou atenção, há filosofias que simpatizo mais que outras, é uma questão de
afinidade e também está ligado ao que se busca. Só os indianos poderão ser
budistas ou os japoneses xintoístas? É um pensamento quadrado para quem se acha
tão desprendido.
Mulher
não pode fazer plástica, todas as pessoas nascem e envelhecem é errado retardar
isso, as pessoas tem que se aceitar como são, as mulheres podem ser gordas,
esse padrão que vemos hoje número 36 é só uma forma de oprimir as mulheres,
“olhem ao redor, a maioria das pessoas estão fora desse padrão”. Concordo que
se uma pessoa está “acima” do peso e se sente bem, à vontade para ir numa
praia, para se vestir, e que realmente não se importa porque se sente bem
assim, desde que não afete a saúde, ótimo! O problema é que a maioria das
pessoas que tem esse discurso sobre o padrão de beleza na ponta da língua,
sente-se mal quando estão perto de outras mulheres mais magras, ou quando vão a
praia, e muitas vezes as pessoas não ligam, mas elas não se sentem bem com o
corpo que tem, então porque não ficar de um jeito em que a gente se ame mais?
Meu biótipo é igual o do Sid da era do gelo, magra do barrigão, só consigo
perder a barriga se parar com a cerveja e perder uns 5kg o que me deixaria
muito magra, e não me agrada, eu gosto de esportes e gosto de me sentir bem,
quero perder a barriga porque acho bonito, mas isso em mim, porque é uma
questão minha. E assim como quem está satisfeito com seu peso a mais, com seu
cabelo blackpower, eu também tenho o
direito de me sentir bem perdendo o “buchinho” e com o cabelo do jeito que eu
escolher, sendo adepta da filosofia religiosa que me aprouver.
E
quanto aos homoafetivos que reclamam tanto de homofobia, o mundo tem pessoas
heterossexuais também, respeito é bom, mas quem quer ser respeitado deve também
respeitar. Isso é uma via de mão-dupla. Não dá pra rotular de gay todo garoto
que tem bom gosto musical, nem da pra chamar de lésbica toda garota que curte
MPB e joga futsal.
O
Brasil é um país laico, democrático, rico em diversidade dos mais diferentes
tipos, penso que para ser mais harmônico só precisa que as pessoas aprendam a
respeitar as diferenças e que ter um ponto de vista e uma ideologia pela qual
pensamos valer a pena lutar é sadio, mas quando essa luta passa a ultrapassar a
linha do respeito fazendo com que o outro se sinta mal simplesmente por ter um
ponto de vista diferente é agir igual ao opressor que julgam lutar contra todos
os dias.
Karlinha
Ferreira
Excelente, Karlinha!
ResponderExcluir...só precisa que as pessoas aprendam a respeitar as diferenças e que ter um ponto de vista e uma ideologia pela qual pensamos valer a pena lutar é sadio.
Muito oportuno teu texto. Parabéns!
Que bom que gostou Joana, acredito no respeito acima de tudo.
ExcluirBeijo grande....
Obrigada pela visita... ^^