20 de out. de 2025

25-09-2025

 

(fotografia: Nayla)

 Hoje faço mais um ano de vida! Não sou fã de contar os números... mas gosto de olhar pra trás e perceber que muitas metas que tracei para minha vida não se realizaram, porém tive infinitas surpresas quanto aos presentes inesperados da vida. Durante este ano por diversas vezes senti estar vivendo o sonho de outra pessoa. E como foi bom viver esse sonho, me trouxe amor, lágrimas, alegrias, levei algumas pancadas, pancadas que já esperava e outras que jamais imaginei. Mas como diz Dona Betânia,  a senhora minha mãe,  eu envergo, mas não quebro. Percebi também que o modo como olhamos o outro nem sempre há  reciprocidade, e faz parte da vida. Minha missão é me reinventar e logo, e sempre, e até quando não tenho forças.  Na terapia aprendi a identificar as potenciais que existem em mim, e a lutar usando ao meu favor: o amor sempre será a força que irá reger o mundo. Sinto-me, apesar de meio capenga, apesar de tantos percalços uma pessoa grata, pois por mais difícil e louco que seja, eu não estou só. Não me curvarei e não baixarei minha cabeça.  Se reconhecer como uma pessoa negra e que recebe como resposta à minha cor de pele, olhares, agressões e rótulos, foi impactante. Mas meus ancestrais passaram por tanto para que eu pudesse ser livre que nunca abrirei mão da minha liberdade. E agradeço a todos que vieram antes de mim. Como mulher aprendi que preciso ser sempre o dobro do que esperam para está na média, como mulher bissexual, preciso fazer o quádruplo para ser "igual". Mas nunca me contentei com o mediano, ando sem tempo pra mediocridades. Tenho promessas a cumprir e sonhos a realizar... sou advogada, casada, estudante de psicologia e cada dia que passa percebo que, acredito em sonhos e que eles se realizam todos os dias. Preciso apenas entender que o tempo é diferente para cada um. E eu posso não ser feliz o tempo todo, mas sou feliz todos os dias.
Aos que vibram ao meu favor, obrigada.  Vocês são demais. Porque amor com amor se paga.
Hoje também seria o aniversário de vovô João,  aquele homem sabia viver. Te amo vô, comemora nosso dia aí de onde o senhor estiver. Hoje apesar dos pesares tenho mais motivos para agradecer... e que venha mais um ciclo...

30 de set. de 2025

06-09-2025

 

(Foto: Nayla)

 

Esses dias fez um ano que passei a dividir minha vida com Nayla. Que passamos a morar juntas, nos amando, respeitando. Também somos duas pessoas em um apartamento de dois quartos tentando coexistir.

Eu sempre fui amante da madrugada e da solitude. Sempre aproveitei bem minha própria companhia. Mas agora somos dois/duas, e que surpresa boa foi me perder nas conversas dela e ela nas minhas, e ter a oportunidade de ver o sol nascer, e de fato nos surpreender, porque a conversa estava tão boa, eu estava tão em casa, que tudo tinha gosto de lar.

E lar e cais são o que tentamos ser uma para outra, não é fácil, mas é satisfatório poder dividir sonhos e saber que estamos caminhando na mesma direção. Esse lance de morar junto não vem com manual de instruções, por isso ficamos felizes com os acertos, e conversamos bastante quanto aos erros, somos novas nisso, mas ninguém está disposto a desistir. Não por uma questão de orgulho, e sim, porque o amor traz consigo a resiliência.

Ela sabe respeitar meu espaço e eu tento respeitar o dela, e vivemos, e continuamos a viver nos descobrindo, e sabendo que aquelas duas pessoas que embarcaram nessa “loucura” de morar juntas, “casar”, já mudaram tanto, e ainda conseguem se amar tanto. E percebo que é aí que tudo faz sentido, não nos contentamos em conquistar e lidar diariamente com a pessoa que conhecemos tempos atrás, mas sim a essas pessoas que estão mudando diariamente e tentando se amar e se respeitar com suas individualidades, medos e  sonhos.

E como é bom sonhar contigo...

Karlinha Ferreira

 

19 de mai. de 2025

15-05-2025

 


 

Percebo que grande parte do sofrimento que sentimos é devido à ausência do amor que pensamos merecer. Nos magoamos, temos infinitas noites insones, choramos, ficamos amargos, praguejamos.

E o mais engraçado nisso tudo é que o amor real, aquele nos foi ofertado está apenas esperando que a gente o note, o aceite. Tantas e tantas vezes, nos colocamos em situações, passamos por momentos que normalmente não nos colocaríamos,  mas que acabamos por fazer porque queremos nos sentir amados. É uma necessidade meio louca, mas que nos persegue.

O mais importante que precisamos aprender sobre o amor é que sempre precisaremos fazer concessões. Mas não as do tipo que mudam sua essência, mas aquelas que permitem uma vida o mais equânime possível, que as partes se sintam vistas, ouvidas e acolhidas, mas para isso, temos que estar dispostos a colocar o "eu" de lado em prol do "nós".

Amor não se mendiga, amor se aceita e se oferece. O amor na mesma medida que é complexo, também é o mais simples dos sentimentos.  Não precisamos de jogos, apenas se permita sentir...

Amar é uma das poucas coisas na vida que não depende de ninguém, só de você, permita-se amar e tenha a coragem de ser amado.

 

Karlinha Ferreira

 

13 de mai. de 2025

13-05-2025

 


Uma das coisas que mais me entristecem é o fato de não ter conseguido manter algumas promessas, estar lá, sabe? Do jeito que prometi que estaria.

Sei que a vida é louca, desgovernada, mas temos que nos responsabilizar pela parte do caos que nos cabe. Às vezes, só queria ter atendido aquele telefonema, ter ouvido como disse que ouviria, ter tentado um pouco mais como sempre disse que tentaria, ter tido mais paciência, mais coerência.

O ponto é que mesmo me sentindo mal, mesmo depois de tanto tempo, vez ou outra, isso me atormenta, e o pior é que sei que talvez eu nunca tenha a chance de reparar tudo. E sequer pedir desculpas, pois talvez já não faça mais sentido para a outra parte, então oro aos deuses para que essas pessoas sejam protegidas e felizes. É pouco, sei disso, mas é o que posso fazer. Espero tão somente que, assim como minha oração silenciosa, que essas pessoas possam me perdoar e um dia despretensiosamente, possam sorrir quando pensarem em mim.

 

Karlinha Ferreira

 

18 de dez. de 2024

13-12-2024

 


Em uma das minhas sessões com meu psicoterapeuta surgiu algo em que nunca havia pensado antes: qual o meu lugar de potência?

Eu tento pensar nas minhas virtudes, no fato de ser prestativa, de ser boa ouvinte, de colocar os interesses dos outros acima do meu (o que não é bem uma virtude), mas daí também penso no quanto sou errante.

Ele (o psicoterapeuta), falou acerca do meu romantismo, do quanto isso aparentava ser forte em mim, e verdade seja dita, eu sou uma pessoa que se move através das paixões preciso ser/estar apaixonada sempre, quer seja por alguém ou por algo, mas de fato apesar de ser errante a paixão, assim como o amor são sentimentos que me move.

Eu realmente sinto prazer em estar apaixonada, já falei diversas vezes que se pudesse optar em amar e ser amada, eu sempre escolheria amar. A doação, a entrega, aquele movimento que no flagramos acontecendo, assim despretensiosamente, é uma, senão, a melhor coisa da vida.

E quando ficamos mal, e temos a maturidade se nos transportar para esse lugar é algo que deixa tudo mais leve, mais tranquilo, acredito que seja liberado mais oxigênio, e é possível respirar melhor. Seria esse, o meu lugar de potência? Lugar onde existe amor? Lugar onde eu doe amor e me apaixone por coisas, pessoas e momentos?

O problema em tudo isso é quando esquecem da contrapartida do retorno, ou simplesmente de nos amarem de volta, ou quem sabe, quando faltam com a lealdade que nos foi jurada e prometida por tanto tempo, quando as verdades tornam-se mentiras, quando tudo que doamos se torna nada para quem recebe, porque cada um tem uma forma de sentir, e algumas pessoas, apenas não sabem amar.

Do Amor não abro mão. Apesar de ser errante! Sou apaixonada! Eu amo com tudo que posso e tenho. De fato meu lugar de potência é o amor.

 

Karlinha Ferreira

19 de nov. de 2024

12-11-2024

 


 

Eu realmente estou meio anestesiada desde a morte de Ricardo, moleque jovem, cheio de vida e muita estrada pela frente aos 19 anos sem muito aviso se despediu de nós. E nem me recupero da pancada e Juninho também é arrancado de nós.

Eu nunca vou achar natural a morte dos jovens, sei que tudo isso remete a finitude, a mortalidade, a algo que nos lembra de que estamos todos a beira de um penhasco esperando apenas para sermos tragados.

Eu não tinha contato com Juninho recentemente, com Ricardo falei pouco menos de um mês antes de sua partida. Nessas horas admiro e invejo as pessoas que tem fé. Que acreditam em um reencontro.

Eu só acho injusto, injusto com a família, injusto com os amigos, e injusto para pessoas como eu que embora não tivesse um contato constante, apenas sentia prazer em saber que estavam todos bem, todos cuidando das suas vidas e vivendo a seu modo.

Pode ser um jeito egoísta de viver. Mas é um tantinho mais justo que toda essa bagunça desordenada que está acontecendo.

Sei que é um tanto mesquinho, quando tantos morrem diariamente e em como nós mesmos ainda que vivos, morremos um pouco todos os dias, muitas vezes em silêncio, outras gritando só para tentar chamar atenção de alguém para tentar amenizar sua dor.

Somos sozinhos. Felizes daqueles que encontram pessoas para desfrutar de alguns momentos na vida com você, alguém que mesmo morto nos faça querer viver. “viva de modo que o mundo não sinta prazer com sua partida”. Vocês deixaram saudades. Vão em paz...

 

Karlinha Ferreira